Uma recente reportagem divulgada pelo site oficial da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB) revela o crescimento no número de brasileiros conectados a internet que, segundo a nota, equivale hoje a cerca de 70 milhões de usuários. A pesquisa divulgada aponta ainda para o número expressivo de pessoas nas redes sociais. Entre os usuários da rede, 79% administram perfis em sites como twitter e facebook.

Atenta a isto, a CNBB realizou um Seminário para Jovens Comunicadores abordando, entre outras coisas, este tema. Em sua palestra, o jesuíta e integrante do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Pe. Antônio Spadaro disse que considera as redes sociais como o lugar da comunicação e não um meio de comunicação.

“Não podemos pensar a rede como um instrumento, mas sim um lugar que nos permite existirmos no mundo digital”, explicou o sacerdote que é especialista no tema.
“A lógica das redes sociais nos faz compreender que o conteúdo oferecido está sempre ligado a pessoa que o oferece, não existindo assim comunicação neutra, ela sempre será parcial”, completou.

Com este crescimento no número de usuários, a internet ganhou status de ferramenta de evangelização. O episcopado brasileiro já faz parte destas estatísticas. Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, é um dos bispos mais atuantes nas redes sociais. Em seu tweet de estreia, ele postou uma mensagem de saudação afirmando que “se Jesus pregasse o Evangelho hoje, usaria também a imprensa escrita, o rádio, a TV, a internet, o Twitter.”

 A iniciativa brasileira atende ao apelo do papa Bento XVI, que dedicou sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações de 2011 para abordar este tema. Com o título “Verdade, proclamação e autenticidade da vida na era digital”, o santo padre chamou atenção para o uso das redes sociais a fim de promover o diálogo. “Entrar no ciberespaço pode ser sinal de uma busca autêntica de pontos pessoais com os outros, desde que as pessoas estejam atentas e evitem perigos como o de se sentir em uma espécie de existência paralela ou de exposição excessiva ao mundo virtual”, escreveu Bento XVI, que também tem um perfil no twitter.

O caso chinês

Na China, mesmo com a constante supervisão do governo, as redes sociais permitem que os usuários tenham maior acesso às informações. De acordo com o site da CNBB, a China é o maior mercado de internet do mundo com milhões de pessoas cadastradas nas redes sociais.
O Sina Weibo é uma delas. Ele funciona com um microblog a semelhança do twitter, mas o público-alvo é composto por executivos de 20 a 30 anos.

Como o alfabeto chinês é composto de ideogramas,que apresentam diversos significados, a informação que circula em 140 caracteres é maior que a do alfabeto latino, o que permite que os chineses tenham maior margem para driblar as barreiras da censura.
Mas nem sempre esta estratégia dá certo. Em dezembro de 2011, Chen Wei foi condenado a nove anos de prisão por quatro artigos publicados em seu blog que, segundo o governo chinês, promovia uma espécie de “Primavera Árabe” no país.

Segundo o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Clovis Andrade de Melo, o impacto das redes sociais na humanidade está mudando as relações interpessoais. “As redes sociais são um caminho sem volta. É um espaço dinâmico de convívio social. A censura só aumenta o desejo por conhecimento pois, quem tem a informação, tem o poder em suas mãos. Por isso a China tem em sua política o bloqueio parcial da informação, que na minha opinião é uma política equivocada”, explicou.