Ao apresentar o livro "As chaves de Bento XVI para interpretar o Vaticano II", Dom Agostino Marchetto, um dos mais renomados peritos sobre o Concilio , assinalou que os membros da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) devem entender que o Espírito Santo assistiu os padres do Concílio Vaticano II.

Em entrevista com o grupo ACI, Dom Marchetto, expert em hermenêutica do Vaticano II e Secretário Emérito do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, explicou que "a ajuda do Espírito Santo nos textos finais –do Concílio-, deve fazer-se valer em relação aos nossos irmãos que chamamos ‘lefebvristas’".

A Gaudium et spes é uma das constituições do Concílio Vaticano II que promove o diálogo interreligioso e o ecumenismo. Este documento foi assinado pelo arcebispo Marcel Lefebvre e posteriormente motivo de cisma para seus seguidores com a Igreja Católica.

Dom Marchetto sublinhou que o Concílio Ecumênico "teve a ajuda do Espírito Santo, o qual não pode dizer nem cometer erros, nem pode proclamar como depósito do próprio ensino coisas que estão em contradição com o Evangelho ou a história da Igreja".

"Portanto, -a atuação do Espírito Santo durante a elaboração do Vaticano II-, poderia ser um elemento de reflexão também para eles –os lefebvristas-, porém no momento podemos dizer que não funcionou", declarou o arcebispo.

Em declarações aos jornalistas, Dom Marchetto expressou seus desejos de aproximação com os irmãos lefebvristas, mas "para que exista terão que dar aceitação ao Concílio Vaticano II. Não se pode dizer que este documento - Gaudium et spes-, será tomado à parte", particularizou.

Um livro chave para entender o Vaticano II

"As chaves de Bento XVI para interpretar o Vaticano II", foi escrito por Dom Marchetto; pelo presidente do Comitê de Ciências Históricas, Cardeal Brandmuller, e o sacerdote italiano Nicola Bux.

A apresentação da obra foi celebrada na sede da Rádio Vaticano. Nela participaram os dois primeiros autores e o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi. Padre Bux não pôde comparecer por problemas de saúde.

Ao introduzir a apresentação, o Padre Lombardi considerou que a obra "atua como vigília de preparação ao aniversário do Concílio Vaticano II e ensina a analisar seu significado", sob a guia da Igreja e da fé, "talvez por isso o Santo Padre tenha querido por sua vez inaugurar o Ano da Fé", disse o sacerdote referindo-se ao evento que terá início em outubro de 2012.

Por sua parte, o Cardeal Brandmuller, natural da Baviera e perito em história da Igreja, observou que a obra servirá como "elemento de diálogo para unificar a Igreja".

Sobre a atual situação dos Lefebvristas, que aponta a uma possível reconciliação com a Igreja Católica e o final do cisma, o Cardeal Brandmuller mostrou seus desejos de reconciliação, "vejamos se é aberta uma porta sobre o diálogo dos documentos", concluiu.