A situação de Chen Guangcheng, um ativista cego pro-vida que esteve preso durante 4 anos por pronunciar-se contra a política abortista do filho único na China, ainda preocupa a comunidade internacional.

Embora tenha recebido de funcionários do governo chinês a garantia de sua segurança, recentes informes referem que ele pediu sair do país para proteger também sua família de diversas ameaças, concretamente feitas contra sua esposa.

Chen ficou cego quando jovem logo depois de uma grave doença. Anos atrás tornou-se um defensor dos direitos humanos e falou firmemente contra a política do filho único na China, que freqüentemente é imposta através do aborto forçado e a esterilização.

De acordo com funcionários americanos, Chen saiu da embaixada dos Estados Unidos em Pequim no dia 2 de maio e agora recebe tratamento médico em um hospital local e já se encontra reunido com sua família.

Os funcionários chineses prometeram que ele será tratado com humanidade e poderá trasladar-se com sua família a um lugar seguro no país, onde seus filhos poderão cursar estudos superiores.

Entretanto, a Associated Press (AP) informou que teve um diálogo com Chen em sua habitação no hospital logo depois de sua chegada no qual ele afirmou que agora teme por sua própria segurança e a de sua família, e que quer sair do país.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou em um comunicado deste 2 de maio que estava "satisfeita" pelo fato que os Estados Unidos colaborou para facilitar a situação de Guangcheng "de uma maneira que reflete suas opções e nossos valores".

Clinton assinalou que Chen "tem uma série de acordos com o governo chinês sobre seu futuro", e disse que o governo dos Estados Unidos está "comprometido em manter a relação com o Sr. Chen e sua família" durante os próximos meses.

AP também assinalou que o ativista pró-vida de 40 anos ficou preocupado porque havia recebido a informação de que os funcionários da embaixada americana ficariam com ele durante sua estadia no hospital, mas quando chegou à sua habitação, não havia nenhum ali.

Um amigo próximo de Chen, Zeng Jinyan, também disse que o pró-vida chinês queria deixar o país, mas se viu obrigado a aceitar um acordo para permanecer devido às ameaças de matar sua esposa se ele fosse ao exterior.

Um alto funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos assinalou neste 2 de maio que Chen "não solicitou o acesso seguro aos Estados Unidos para pedir asilo político", mas assinalou pelo contrário que ele queria permanecer na China.

Chen chegou à embaixada americana no dia 26 de abril, depois de escapar de sua prisão domiciliar, à qual foi condenado sem cargos formais desde setembro de 2010.

A fuga ocorreu pouco antes da chegada de Hillary Clinton e outros funcionários do corpo diplomático ao país para reuniões programadas com antecedência.

O ativista pró-vida, que também passou mais de quatro anos na prisão, disse que ele e sua família foram tratados violentamente e se negou a receber tratamento médico durante o tempo de prisão domiciliar.

O porta-voz do Ministério chinês de Relações Exteriores da China, Liu Weimin, foi chamado pela agência de notícias oficial do país, a Xinhua News, dizendo que os Estados Unidos "interferiu em assuntos internos da China, e a parte chinesa jamais aceitará isto".

Por sua parte, um funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos se negou a dizer se esse país emitiria uma desculpa à China, mas disse simplesmente: "acredito que nossas ações foram legais".

O funcionário disse que os Estados Unidos "procurará confirmar regularmente que os compromissos que (Chen) recebeu sejam cumpridos".

Entretanto, alguns defensores dos direitos humanos não estão satisfeitos com as garantias. Bob Fu, presidente da organização ChinaAid, com sede no Texas, disse que recebeu relatórios confiáveis de que Chen tinha deixado a embaixada dos Estados Unidos contra a sua vontade porque o governo chinês ameaçou seriamente a sua família próxima.

Bob Fu, que esteve vigiando cuidadosamente a situação de Chen, está preocupado porque o governo os Estados Unidos poderia ter deixado o ativista pró-vida em uma situação perigosa.

O Governo chinês “o vê como um arruaceiro e uma ameaça à sua legitimidade", advertiu.

"Ele tem a admiração do mundo neste momento o que talvez o ajude a manter-se a salvo no curto prazo, mas temo o que poderia acontecer se o mundo perde o interesse por ele".