O Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Cardeal  Ennio Antonelli defendeu hoje uma conferência em Lisboa “o direito” das crianças a um núcleo familiar “normal” e rechaçou a equiparação do “matrimônio de um homem e uma mulher” com “outras formas de convivência”. O prelado disse ainda esperar um milhão de pessoas no encerramento do 7.º Encontro Mundial das Famílias, entre 1 e 3 de junho, em Milão (Itália), com a presença de Bento XVI.

“A família normal fundada sobre o matrimônio é uma comunidade estável de vida e de pertença recíproca”, enquanto outros modelos se situam na “lógica do indivíduo que pertence apenas a si mesmo e mantém com os outros só uma relação contratual de intercâmbio”, sustentou o purpurado em sua exposição na capital portuguesa em declarações reunidas pela agência Ecclesia do episcopado português.

Em resposta a uma pergunta colocada pela audiência na Aula Magna da Universidade de Lisboa, Dom Antonelli declarou que “é necessário não apenas olhar para os desejos dos adultos mas para os direitos das crianças”, já que “os desejos nem sempre são direitos mas o bem objetivo das crianças é um direito”.

“O mal-estar e os deslizes juvenis aparecem associados, em medida muito mais elevada às famílias desfeitas, incompletas e irregulares”, afirmou na conferência de abertura do encontro “A Família e o Direito – Nos 30 Anos da Exortação Apostólica ‘Familiaris Consortio’”.

O presidente do organismo da Santa Sé lembrou que “em nome da não discriminação, se reivindica o direito dos homossexuais a contrair matrimônio ou pelo menos a equiparar em tudo a sua relação ao matrimónio”. Esta posição, disse Dom Antonelli, esquece “que a justiça não consiste em dar a todos as mesmas coisas, mas em dar a cada um o que lhe pertence, e que é injusto tratar de modo igual realidades diversas”.

As “pesquisas sociológicas”, frisou, demonstram que, “percentualmente falando, os casados são mais felizes que os solteiros, os conviventes e os separados”.

Segundo a nota da Agência Ecclesia, o prelado referiu que “a contestação mais forte contra a Igreja diz respeito à ética sexual”, porque “aos olhos de muitos” a doutrina católica “apresenta-se como inimiga da liberdade e da alegria de viver”.

A “felicidade”, no entanto, não se centra na economia: o fato de se ter “uma família normal conta mais que o lucro” e “a falência do matrimónio faz sofrer mais que o desemprego”, ressaltou.

A Igreja, contrapôs o purpurado, “não rebaixa a sexualidade, mas, integrando-a no amor de doação, exalta-a até fazer dela uma antecipação das núpcias eternas”. O cardeal acentuou que “o objetivo fundamental” dos católicos “deve ser a formação duma cultura e duma opinião pública favorável à família”.

Finalmente, o arcebispo assinalou que “para sair da crise económica atual, todos se dão conta de que há necessidade, por um lado, de inovação, investimentos e maior produtividade e, por outro, de equilibrada alternância de gerações e, consequentemente, taxa mais elevada de natalidade e melhor educação.

Em outro momento, em declarações aos jornalistas, o cardeal italiano apelou a uma “séria preparação para o matrimônio”, na Igreja Católica, com um “itinerário, um caminho prolongado, doutrinal e prático, de vida cristã” e disse esperar um milhão de pessoas no encerramento do 7.º Encontro Mundial das Famílias, entre 1 e 3 de junho, em Milão (Itália), com a presença de Bento XVI.