Através de uma nota oficial publicada no sábado 14 de abril, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, deplorou a afirmação dos jornais italianos que vinculam o Vaticano com o seqüestro de uma cidadã vaticana no ano 1983.

 O Padre Lombardi,afirmou com decisão “que a atribuição de conhecimentos de segredos relacionados com o seqüestro por parte de pessoas pertencentes às instituições vaticanas sem indicar um nome, não corresponde a nenhuma informação com fundamento”, e “em ocasiões, parece quase uma desculpa ante o desconsolo e a frustração por não conseguir encontrar a verdade”.

O caso da Emanuela Orlandi, filha de um funcionário vaticano, comoveu a sociedade italiana. A adolescente de 15 anos desapareceu em Roma em 1983 e até o momento se desconhece seu paradeiro.

 “Todas as autoridades vaticanas colaboraram com compromisso e transparência com as autoridades italianas para enfrentar a situação do seqüestro em sua primeira fase, e depois também nas investigações sucessivas”, recordou o Padre Lombardi.

 “Não se escondeu nada nem há ‘segredos’ a serem revelados no Vaticano sobre o tema. Continuar afirmando isto é totalmente injustificado”. Todos os investigadores italianos “tiveram acesso à família Orlandi e às informações úteis para as investigações”, afirmou.

Além disso, o porta-voz acrescentou que se as autoridades pertinentes acharem útil fazer novas investigações vaticanas elas “podem fazê-lo em qualquer momento”, e “encontrarão como sempre a colaboração apropriada”.

 O Padre Lombardi também recordou a profunda preocupação do Beato João Paulo II por este desaparecimento e recordou que ele se pronunciou em até oito ocasiões públicas pedindo a sua libertação.

O Pe. Lombardi quis destacar a proximidade do então Pontífice João Paulo II ao sofrimento da família, e “ainda mais porque este sofrimento lamentavelmente se reaviva ao surgir de cada nova pista na investigação, até agora sem êxito”.

 “Que isto não seja um motivo para descarregar sobre o Vaticano as culpas que não são suas, mas que seja uma ocasião para percebermos a realidade terrível e freqüentemente esquecida que constitui o desaparecimento das pessoas – em particular aquelas que são jovens -, e fazer oposição por parte de todos e com todas as forças a cada atividade criminal que as causa”, disse.

A imprensa sensacionalista italiana fez circular estes dias a idéia de que o Vaticano não colaborou com o governo italiano durante as últimas investigações, tal como estipula a prática judicial internacional no artigo 4 da Convenção Européia de assistência judicial em matéria penal do 20 de abril de 1959.

 “Portanto, não tem nenhum fundamento acusar o Vaticano de ter rejeitado a colaboração com as autoridades italianas propostas para a investigação”, e “não se deve, portanto, surpreender nem muito menos despertar suspeitas”, concluiu o porta-voz vaticano.