Os governos da América Latina trairam a defesa da vida contemplada nas suas distintas legislações, ao não apoiar o pedido da delegação estadounidense que pediu às Nações Unidas eliminar o “direito ao aborto” do conceito “saúde reprodutiva” na declaração que o organismo debe assinar para comemorar os dez anos da Reunião de Pekín sobre a mulher (Beijing 10).

Segundo denunciaram vários líderes pro-vida, ontem houve uma breve sessão “informal” da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) na ONU para considerar a emenda aclaratória proposta pelos Estados Unidos.

“Infelizmente nenhum outro país falou a favor dessa emenda e por isso, hoje às três da tarde haverá outra sessão onde muito provavelmente se aceite a declaração original sem a emenda aclaratória que dispensaria os países assinantes de ter que aceitar o aborto como parte da saúde reprodutiva”, indicou um voceiro pro-vida.

Para os delegados é preocupante “que nenhum país tenha falado em favor desta emenda” mas advertem que o simples fato de ter proposto a emenda significou um grande avanço para a causa pro-vida, devido a que muitos países, inclusive alguns com leis a favor do aborto, embora não apoiassem a proposta, sim reconheceram durante as discussões públicamente, o mesmo princípio que existe na emenda – que os documentos de Pekín não criaram nenhum direito humano internacional novo, e que não incluem o direito ao aborto.

Os promotores do aborto, por outro lado, denunciaram diante da imprensa, que a campanha antiabortista nos Estado Unidos ameaça com ensombrecer a declaração final que a conferência celebrada na ONU para revisar os avanços na promoção dos direitos das mulheres no mundo.

Para a representante da feminista “Associação dos Direitos da Mulher e o Desenvolvimento”, Lidia Alpizar, “se as coisas continuarem como nas reuniões informais, Estados Unidos ficou isolado, pelo que deveria retirar a emenda e hoje se poderia adotar de forma intacta a declaração”.

Destacou que inclusive países como a Costa Rica, que lideram a campanha contra o aborto na ONU, somaram-se à posição de Centro América, apresentada por Honduras, de apoiar a declaração final do jeito como foi colocada pela Comissão, ou seja, sem distinguir saúde reprodutiva de aborto.

Os pro-vida tem pedido aos cidadões que apoiem a defesa da vida e enviem cartas ou corréios eletrônicos aos seus governos locais para conseguir o apoio à emenda.