A líder do grupo Damas de Branco “Laura Pollán”, Berta Soler, afirmou que a repressão membros do seu grupo que sofreram no fim de semana não as amedrontará e persistirão em sua luta pacífica pelos direitos humanos e por participar das Missas que o Papa Bento XVI presidirá durante sua visita a Cuba de 26 a 28 de março.

“O Governo cubano recrudesceu a repressão, a violência contra os ativistas de direitos humanos. Ante a repressão nos unimos mais e nos fazemos mais fortes. Vamos continuar unidas e a fazer a tentativa de participar das Missas em Santiago de Cuba e na Cidade de Havana”, afirmou Soler em diálogo com o grupo ACI através da agência ACI Prensa em espanhol.

No sábado passado, agentes do Governo comunista prenderam um grupo das Damas de Branco quando comemoravam o nono aniversário da Primavera Negra. Outro grupo foi detido no domingo quando se dirigia à igreja da Santa Rita, em Havana, para participar da Missa. Tarde da noite a grande maioria foi posta em liberdade.

Soler indicou que o objetivo dos agentes do Governo era dissuadi-las de comparecer às duas Eucaristias que presidirá Bento XVI. “Pessoalmente me disseram que não me tinham impedido que fosse, mas que eles não iam agüentar nenhuma provocação porque, segundo eles, nós íamos utilizar a Missa para politizar. O argumento em que se apóiam é ‘porque vocês vão gritar liberdade’. Mas ‘liberdade’ não politizar”, esclareceu.

Nesse sentido, reiterou que “a repressão não nos vão amedrontar. Um direito que temos nós a participar da Missa que o Santo Padre vai dar porque aqui na Terra representa a Deus”.

Berta Soler disse ademais que o Governo de Raúl Castro não quer que as Damas de Branco sigam com sua luta pacífica pela liberação de todos os detentos políticos e pelo exercício dos direitos humanos, e para isto os agentes comunistas não duvidam em ameaçá-las de manda-las ao calabouço por quinze anos”.

“Realmente em Cuba não há liberdade de movimento, não há liberdade de expressão e não há liberdade de associação”, assinalou a líder das Damas de Branco.

Soler denunciou a prática do regime de deportar dentro da mesma ilha os opositores quando se movem de uma cidade a outra. “As mulheres que não são de Havana são detidas e deportadas a Matanzas, Holguín e Santiago de Cuba”, indicou.

Soler disse também que, por exemplo, “um cubano que vive em Santiago de Cuba que não está vinculado com a oposição interna, pode vir a Havana mas tem que marchar-se rápido porque o deportam, porque dizem que aqui não querem pessoas que possam estar muito tempo pois seriam consideradas ‘ilegais’”.

Em troca, explicou, “a pessoa que está vinculada com a oposição interna, quando vai sair de Santiago de Cuba tem que procurar sua estratégia (para mover-se a outra cidade), porque o Governo cubano pode vê-la e o deportá-la, levá-la à prisão e ao calabouço”.

No diálogo com a agência ACI Prensa Soler a também denunciou que seu marido Angel Moya, ex-prisioneiro político do grupo dos 75, continua preso desde o domingo.

A líder das Damas de Branco assegurou que apesar de tudo “vamos seguir com nossa luta pacífica pela liberdade dos presos políticos, também porque somos defensoras dos direitos humanos”.