O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, respondeu energicamente a vários ataques da mídia sobre suposta corrupção econômica no Vaticano, afirmou que a Igreja continua na luta contra os abusos sexuais e explicou que não existe luta de poder interna tendo em vista o próximo conclave.

No documento difundido pela Radio Vaticano neste 14 de fevereiro, o sacerdote se referiu à seleção de documentos do Vaticano usados nas últimas semanas para atacar em várias ocasiões a Santa Sé e a Igreja para tentar deixar os católicos e o público em geral sem reação.

"Por isso, calma e sangue frio e grande recurso à razão; algo que não são todos os meios de comunicação colocam em prática. Trata-se de documentos de natureza e peso diversos, nascidos em tempo e situações diferentes".

Alguns, indica a notícia, "são debates sobre uma gestão econômica mais eficaz de uma instituição com numerosas atividades materiais como é a Governadoria; outros textos sobre questões jurídicas e normativas em fase de discussão que normalmente recolhe opiniões diferentes”.

Outros textos difundidos pelos meios de comunicação, indica o sacerdote, “são absurdos memoriais que ninguém leva a sério, como o recente (texto) sobre o complô contra a vida do Papa. Porém dá no mesmo: misturar tudo favorecer a confusão”.

 “Uma informação séria deveria saber distinguir os temas e compreender seu diverso significado. É óbvio que as atividades econômicas da Governadoria (do Vaticano) devem ser administradas com claridade e rigor; está claro que o IOR e as atividades financeiras têm que se adequar corretamente às normas internacionais contra a lavagem de dinheiro. São essas, evidentemente, as indicações do Papa".

Enquanto isso acrescenta, “está claro que a história do complô contra o Papa, como afirmei , é um disparate, um delírio, e não vale à pena levar a sério”.

O porta-voz do Vaticano reconhece que "certamente, é muito triste que passem de maneira desleal documentos internos ao exterior, criando confusão. A responsabilidade cai sobre várias partes.”

 “Primeiramente, sobre quem facilita esse tipo de documentos; mas também sobre quem os usa para objetivos que não são o amor puro à verdade. Por isso, temos que resistir e não cair na confusão, que é o que os mal intencionados desejam, temos que ser capazes de raciocinar.

O sacerdote afirmou que "em certo sentido – é uma antiga observação da sabedoria humana e espiritual–, quando acontecem os ataques mais fortes é sinal que o que está em jogo é importante”.

Abusos sexuais e "luta de poder"

Sobre o tema dos abusos sexuais, que os católicos são frequentemente e quase permanentemente atacados, o Pe. Lombardi disse que "a Igreja respondeu justamente com um compromisso sério e profundo de renovação e purificação de amplo espectro. Não é uma resposta de pouco alcance".

"Agora somos conscientes da situação e colocamos como meta uma estratégia eficaz de cura, renovação e prevenção para o bem de toda sociedade. Ao mesmo tempo, como se sabe, estamos realizando um sério esforço para garantir uma verdadeira transparência no funcionamento das instituições vaticanas, também desde o ponto de vista econômico".

O Pe. Lombardi explica que "novas normas foram estabelecidas. Foram abertos canais de relações internacionais para o controle. Agora alguns documentos difundidos recentemente tendem a desacreditar esse esforço".

De maneira contrária, continua o sacerdote, "isso constitui uma razão a mais para seguir por esse caminho com decisão, sem deixar-se impressionar. Se tantos se preocupam, se nota que é importante".

 “Quem acha que desanima o Papa e seus colaboradores nesse compromisso, se engana”, asseverou.

Sobre as supostas lutas internas de poder no Vaticano tendo em vistas ao próximo conclave, o sacerdote animou a "observar que todos os pontífices eleitos durante este século e no passado foram personalidades de altíssimo e indiscutível valor espiritual".

 “Está claro que os cardeais tentaram eleger alguém que mereça o respeito do povo de Deus e sirva à humanidade do nosso tempo com grande autoridade moral e espiritual.”

O representante do Vaticano ressalta que a leitura em tempo de lutas pelo de poder interno depende de grande parte da grosseria moral tanto de quem a provoca como de quem a realiza; “às vezes, estas pessoas não são capazes de ver outra cosa.".

Por sorte, concluiu “quem crê em Jesus Cristo sabe que - apesar do que se diga ou se escreva hoje nos jornais- as verdadeiras preocupações dos que exercem responsabilidades na Igreja são os graves problemas da humanidade de hoje e de amanhã. Por alguma razão acreditamos e falamos da ajuda do Espírito Santo".