Um jornal na Argentina denunciou a manipulação de cifras que alguns meios seculares que procuram favorecer o aborto têm apresentado e os acusou de difundi-las com total "irresponsabilidade jornalística" para promover a despenalização desta prática anti-vida, em um contexto em que o tema está sendo debatido no poder legislativo.

"Aborto: cifras enganosas, enfoques equivocados, resultados criminosos" é o título do editorial do jornal La Nación publicado este fim de semana, no qual o periódico questiona projetos que "pretendem legalizar o aborto em base a estatísticas falaciosas".

O editorial alerta que estas cifras falsas"obtêm pelo efeito da repetição, criar um sensível estado de emoção nos cidadãos que poderia incliná-los a apoiar soluções que não são tais".

O diário La Nación denuncia assim que "com total irresponsabilidade jornalística" difunde-se a cifra de 500 mil abortos clandestinos por ano, quando outros referem 480 mil, e outros chegam a falar de até 1 milhão, "variabilidade que torna duvidosa qualquer análise".

Outro argumento utilizado pelos meios que favorecem o aborto, diz La Nación, refere que "os abortos clandestinos, que a legislação em tratamento procuraria evitar, provocam a morte de entre 80 e 100 mulheres por ano".

Segundo estas cifras, "dos 500 mil abortos clandestinos, as fatais conseqüências para as mães só alcançam os 0,02 por cento, ou seja, ocasionam 100 mortes por ano, obtendo uma eficácia altíssima se considerarmos os escassos meios dos que praticam estas cirurgias ilegais".

"Está de sobra dizer com isto não se pretende justificar os abortos clandestinos", assinala o editorial, e acrescenta que "o que sim procuramos é chamar a atenção sobre o resultado" já que não é acreditável que de 500 mil abortos realizados em condições precárias, "só resultem fatalmente afetadas 0,02 por cento das mães que as praticam".

"Fala-se também de um subregistro de mortalidade e problemas vinculados a práticas abortivas a partir de que as internações nos plantões hospitalares costumam dar-se por complicações posteriores que não dão devida conta da real origem da doença", sustenta o editorial.

Além disso, "nem uma só morte deveria ser produzida se isso fosse cientificamente evitável, mas duvidamos de que a aprovação da legislação por tratar-se, que inclui a transferência destas cirurgias ao âmbito dos hospitais públicos, produza melhores resultados".

"Tão grave como esta suspeita –acrescenta a nota– é o silêncio estremecedor sobre as cifras das crianças mortas. Se fossem praticados 500 mil abortos por ano, 500 mil são os bebês que vêem truncado seu direito à vida constatável a partir de dados científicos como o ADN comum a ambos pais da concepção".

Finalmente o jornal indica que seria conveniente por justiça e humanidade que as cifras fossem verificadas, que fossem publicadas de maneira integral e que se terminasse com a falsidade de que o bebê que morre em um aborto é "uma parte do tecido da mulher sobre o qual esta teria direito a decidir".

"Não é possível entender que, em base a estatísticas falaciosas, a mesma lei que outorga à criança por nascer o direito à herança venha a negar-lhe o indisputável direito a viver", conclui o editorial.