Em entrevista concedida à agência ACI Prensa, o novo secretário geral do Cáritas Internacional, Michel Roy, reconheceu que o trabalho desta instituição deve estar guiado pelos ensinamentos da Igreja e do Papa, e que a pertença da Cáritas à Santa Sé brinda uma riqueza especial à sua missão.

Michel Roy foi eleito como novo secretário geral da Cáritas Internacional em uma Assembléia Geral que foi realizada no mês de maio deste ano. Roy substitui a Leslie Ann Knight, quem não recebeu a aprovação do Vaticano para um novo período.

O novo secretário geral explicou à ACI Prensa que "tivemos uma assembléia Geral. A Secretária Geral anterior queria apresentar-se para um novo período, mas a Santa Sé não estava de acordo e havia uma tensão bastante grande. Uma de minhas prioridades foi que estabelecer uma relação serena com a Santa Sé, a Secretaria de Estado e o Conselho Cor Unum".

Ao falar sobre os problemas que ocasionou a anterior Secretária Geral que mantinha algumas posturas polêmicas sobre a relação da Cáritas com a Santa Sé, Roy manifestou: "penso que o que ocorreu foi um problema de personalidades por ambos os lados, a realidade humana é assim e os leigos e os bispos somos seres humanos com nossas personalidades, foi uma confrontação de pessoas mais que de orientações".

Mais adiante o novo secretário assinalou que um das principais prioridades de sua gestão será voltar para as fontes católicas da Cáritas e repassar uma vez mais as Encíclicas Deus Caritas Est e Caritas in Veritate do Papa Bento XVI.

Roy explicou que "não só somos uma confederação de organizações de membros nacionais mas também somos uma entidade da Santa Sé, estamos dentro da Santa Sé e isso nos dá uma responsabilidade muito particular e uma riqueza especial".

O secretário geral considerou que as relações com a Santa Sé são algo muito importante porque são eles que orientam o trabalho da caridade e "a Cáritas deve estar no centro do trabalho da evangelização".
Ao falar com a ACI Prensa sobre os desafios que a Cáritas deve enfrentar nos próximos anos Roy se referiu à situação do empobrecimento criado pela crise de 2008 e 2009.

Embora tenha reconhecido que na América Latina existem alguns países emergentes como o Brasil e o México, Roy assinalou que "a crise global criou muita pobreza no mundo e os países mais pobres foram mais empobrecidos, as pessoas vivem muito mal".

O secretário geral do Cáritas considerou ademais que para enfrentar a crise é necessário retornar às suas origens. "Há 20 ou 30 anos temos um sistema econômico muito aberto que não é regulado e esta liberdade muito grande especialmente para os banqueiros e a indústria financeira criou dinheiro sem produção econômica como uma cultura de cassino e os pobres sofrem esta crise diretamente".

Ao referir-se ao papel da Cáritas ante as diversas catástrofes que açoitaram vários países nos últimos anos, o Secretário explicou à ACI Prensa que "nós temos uma tarefa especial no campo de ajuda humanitária e uma coisa importante é que as pessoas devem ser preparadas para enfrentar uma catástrofe. Sabemos que há lugares onde os terremotos ocorrem regularmente e se as pessoas não se prepararem os resultados serão muitos pior".

O Secretário Geral da Cáritas, Michel Roy, participou entre os dias 17 e 22 de julho, junto com representantes das 22 Cáritas da América Latina e do Caribe em uma conferência extraordinária realizada na cidade de Lima. Sob o lema "Uma Família Humana, Pobreza Zero".

A conferência teve como objetivo criar um espaço de diálogo para definir um plano de trabalho para a Região na luta contra a pobreza.