Paul Bhatti, Conselheiro Especial do Ministro para os Assuntos das Minorias Religiosas e irmão do ministro católico assassinado Shabhaz Bhatti, afirmou em recentes à agência vaticana Fides este 11 de julho que tem um plano de ação global para melhorar as condições das minorias religiosas no Paquistão inspirado nas idéias e no legado de seu irmão.

O plano, afirmou Paul Bhatti à Fides, pretende continuar a missão de Shabhaz, e se baseia em alguns pressupostos básicos para garantir as minorias: educação, apoio jurídico, segurança, eliminação de leis discriminatórias, proteção real das liberdades e direitos da cidadania.

O plano de Bhatti chega em um momento delicado na política paquistanesa, após a abolição do Ministério Federal para as minorias religiosas e a promessa do governo de instituir um novo Ministério Federal "para harmonia e os direitos humanos". Mas isso, segundo observaram fontes da agência Fides, ainda não aconteceu.

Neste contexto Paul Bhatti como Conselheiro Especial e como líder do grupo de todas as minorias do Paquistão (ou APMA por sua sigla em inglês) desenvolveu sua linha de ação, traçando o futuro das minorias religiosas no Paquistão e está sendo apresentada ao Primeiro-Ministro Raza Gilani e que Bhatti compartilhou com Fides.

Bhatti constatou os principais motivos que geram sofrimento para as minorias religiosas no Paquistão: governos instáveis (34 anos de ditadura militar e 29 anos de governo civil em 63 anos de independência); leis discriminatórias (como a lei da blasfêmia), o crescimento do extremismo religioso e do terrorismo, a pobreza, o analfabetismo e pouco acesso à educação.

Para combater estes problemas Bhatti apresenta uma série de etapas básicas: "No nível local, é preciso promover atividades culturais para difundir uma cultura de tolerância; reuniões regulares entre os líderes religiosos e da sociedade civil ; lançar iniciativas de diálogo para reduzir a discriminação e a violência contra as minorias; impor restrições e sanções a discursos ou publicações que incitem o ódio e a intolerância", afirmou o católico paquistanês.

"Temos de incentivar o Estado para fornecer educação religiosa no currículo escolar, que informe sobre todas as religiões da mesma forma; é urgente iniciar programas específicos para promover educação dos membros das comunidades minoritárias", destacou Bhatti em suas declarações à Fides.

Segundo ele, em termos legais é "necessário rever ou abolir leis e práticas discriminatórias que afetam as minorias, e deve prestar assistência jurídica e financeira para aqueles que são vítimas", garantindo o funcionamento e a imparcialidade da justiça ordinária para os cidadãos não-muçulmanos, ao mesmo tempo, "oferecendo ajuda e abrigo para aqueles que estão em perigo ou sob ameaça".

Paul Bhatti, lembrando e fazendo suas as idéias de seu irmão, destacou a necessidade de uma presença ativa na política dos líderes das minorias religiosas para defender seus direitos.
"Precisamos de pelo menos 4 assentos reservados para as minorias no Senado e, no campo do emprego, reservar 5% a líderes da minoria em todos os serviços públicos federais”.

“O governo também deve celebrar com ênfase no dia 11 de agosto, o Dia para as minorias do Paquistão, e respeitar as principais festividades religiosas, promovendo encontros entre o líder da maioria e líder das minorias, especialmente em áreas críticas", afirmou Bhatti à Agência Fides.

“Por isso pedimos o apoio da comunidade internacional, para criar uma nação onde se respeite a paz, a liberdade, a coexistência civil e a dignidade humana", concluiu.