As autoridades do distrito de Jhunjhunu (Índia) oferecem aos homens do lugar um sorteio de um automóvel, cinco motocicletas, televisores e batedeiras em troca de que eles aceitem submeter-se a métodos de esterilização.

Os responsáveis pela polêmica campanha que leva por nome "Esterilize-se para ganhar um carro", asseguram que buscam frear o crescimento da população pobre neste povoado localizado na fronteira com o Nepal.

"É um sistema de loteria com prêmios. Repartiremos cupons para todos aqueles hindus que venham esterilizar-se até o dia 30 de setembro. E o ganhador leva um automóvel", declarou à imprensa o chefe do departamento de Saúde de Jhunjhunu, Sivaram Sharma, e explicou que querem duplicar o número de pessoas que se esterilizam anualmente nesta região.

O prêmio maior do insólito sorteio é um automóvel Tata Nano, o menor carro do mundo, e segundo Sharma "escolhemos o carro “menorzinho”, porque do que queremos é potencializar famílias pequenininhas".

Não é a primeira vez que as autoridades hindus ensaiam medidas polêmicas para controlar o crescimento de sua população. Dois anos atrás, o atual ministro de Saúde, Ghulam Nabi Azad, propôs garantir o acesso à televisão à população pobre para deter o crescimento.

Azad afirmou então que "se todos os povoados tiverem eletricidade, as pessoas verão televisão até tarde e dormirão. Não se dedicarão a fazer crianças. Se não houver luz, o único que farão será trazer crianças ao mundo. Falo seriamente: 80 por cento do crescimento poderia ser reduzido com a televisão".

Ao longo da história, o Magistério da Igreja dá razões para opor-se à esterilização. Em 1975, a Congregação para a Doutrina da Fé declarou que a esterilização direta (ou de anti-procriação) não se dirige ao bem integral da pessoa, mas causa um dano ao seu bem moral ao privar o ato sexual livremente eleito do seu aspecto de procriação.

Em 1981, o Papa João Paulo II em sua Exortação Apostólica Familiaris consortio, explica que a esterilização é uma "ofensa grave à dignidade humana e à justiça" e denunciou a violência dos governos e autoridades públicas "que buscam limitar de qualquer modo a liberdade dos esposos na decisão sobre os filhos".