A Santa Sé iniciou esta quinta-feira 16 de junho uma importante cúpula internacional sobre a ética na economia no mundo atual na qual se analisa os fatores que levaram à crise financeira global e se expõe a ética como antídoto para futuros problemas econômicos.

Em declarações ao grupo ACI, o Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Cardeal Peter Turkson, assinalou que "como sabemos por outros setores da sociedade –e também em nossas vidas– com freqüência nos fazemos perguntas e fazemos resoluções para atuar de modo distinto durante e logo depois da crise".

O evento de três dias de duração foi organizado também pela Pontifícia Universidade Regina Apostolorum e o Fidelis International Institute for Business Ethics, e busca promover práticas financeiras de acordo à Doutrina Social da Igreja.

Em total, são 100 peritos de todo o mundo que estarão presentes na "Cúpula Executiva sobre Ética no mundo dos negócios" que teve início com uma Missa na Basílica de São Pedro.

Marcelo Benitez, Diretor do Fidelis International, assinalou ao grupo ACI que "a ética deve, ou tem que ser, posta em prática em muitas áreas dos negócios, especialmente nas finanças, no setor empresarial e no compromisso social".

"Por isso o propósito desta conferência é discutir estes assuntos à luz dos ensinos do Santo Padre para chegar ao fundo destes assuntos e aplicar as lições às questões reais do mundo financeiro", acrescentou.

Entre os textos que analisados, está em primeira linha a encíclica social Caritas in veritate (Caridade na verdade) do Papa Bento XVI que publicou no ano 2009.

Por sua parte, o catedrático Andy Zelleke da Harvard University’s Kennedy School disse à nossa agência que "venho de uma perspectiva muito mais secular e por esta razão tudo isto é um tanto novo para mim. Entretanto devo dizer que ao ler toda a encíclica descubro que é extraordinariamente útil debatê-la para enfrentar a crise financeira".

Denis Chang, consultor econômico de Hong Kong, comentou que o crescimento econômico, para ser sustentado, precisa avançar de mãos dadas com o desenvolvimento ético, algo que está sendo cada vez mais aceito na China.

Em declarações ao grupo ACI, Chang indicou que "as pessoas estão começando a dar-se conta de que não se pode simplesmente fazer negócios sem olhar a ética, sem olhar a responsabilidade social, e não é só o caso de ‘business são business’ (negócios são negócios), mas deve-se ver as conseqüências sociais de toda decisão econômica".

Patrick Bitature, da Autoridade de Investimento de Uganda (África) assinalou que os ensinos da Igreja definitivamente são um meio para lutar contra a corrupção.

Em diálogo com a agência ACI Prensa, o representante ugandês indicou que "a corrupção é como um câncer que pode ser facilmente detido se for detectado cedo. Acredito que a família como unidade e a Igreja podem desenvolver aqui um importante papel. E essa é a razão pela qual a conferência é tão útil".