O sacerdote argentino Pedro Opeka, missionário em Madagascar (África), viajou a Roma (Itália) para dar testemunho de sua experiência como missionário e sensibilizar o mundo sobre a possibilidade de erradicar a pobreza. "Os pobres me evangelizaram!", exclamou.

O sacerdote oferece esta semana três conferências em Roma sob o título "Vencer a pobreza: o testemunho do Padre Pedro".

Desde a Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino, o Angelicum, o Padre Pedro explicou à ACI Prensa que deseja enviar a mensagem do Evangelho ao mundo para que "todos nesta Terra, neste planeta sejamos irmãos, que nos ajudemos os uns aos outros. Não pode ser que neste mundo que há tantas riquezas haja tantas de pessoas que vivem com a fome no estômago, é uma injustiça que grita ao céu".

O Padre Pedro, que vive em Madagascar há 40 anos, recordou que "é todo um continente o que sofre, África e Madagascar".

"Eu levanto a voz e grito basta!, basta de discursos, temos que obrar, temos que atuar e ajudar o continente que tem hoje milhões de crianças que estão em perigo e que morrem por razões pelas quais não deveriam morrer!".

"Minha mensagem é de solidariedade, compartilhar o que temos, porque as riquezas que nós temos foram dadas para ser compartilhadas, porque o que eu não necessito se perde, há um provérbio índio que diz isso, por que guardar algo se há um irmão que o necessita?".

O Padre Pedro assegurou à ACI Prensa que é possível vencer a pobreza imitando a Jesus Cristo, "eu posso dizer hoje, é possível vencer a pobreza, é possível devolver aos pobres sua dignidade de filhos de Deus", "vivo em meio de um povo pobre, que vivia na extrema pobreza, e com dignidade, com fé, com compaixão, levantamo-nos desta pobreza extrema", concluiu.

A história do Padre Opeka

Pedro Pablo Opeka nasceu em Buenos Aires, Argentina em 1948, seus pais Luis Opeka e María Marolt, eram imigrantes eslovenos que chegaram à Argentina em janeiro de 1948 fugindo do comunismo instalado na Eslovênia.

Aos 18 anos ingressou no seminário da Congregação para a Missão de São Vicente de Paula, em San Miguel (Argentina), e dois anos mais tarde viajou à Europa para estudar filosofia na Eslovênia e teologia na França, esteve dois anos como missionário na Congregação em Madagascar.

Em 1975 foi ordenado sacerdote na basílica de Luján (Argentina), e em 1976 retornou a Madagascar, onde permaneceu até nossos dias.

Ao ver a situação de indigência e pobreza que reinava em Antananarivo, a capital do país, seu subúrbios, e especialmente os lixeiros onde as pessoas viviam em casas de caixas de papelão e as crianças disputavam a comida com os porcos, decidiu fazer algo pelos pobres.

No ano 1990 fundou com a ajuda da um grupo de jovens, a Associação Humanitária Akamasoa –que língua malgache significa "Os Bons Amigos" –, para servir os mais necessitados.

Com ajuda do exterior e o trabalho do povo de Madagascar, começaram a fundar pequenos povoados, escolas, dispensários, pequenas empresas e até um hospital.

Hoje em dia, são cinco povoados onde vivem perto de 3 mil famílias, representando uma população estável de mais de 17 mil pessoas, das quais 60 por cento são crianças menores de 15 anos. Uns nove mil e 500 meninos estudam em seus colégios e a Associação dá trabalho a umas três mil e 500 pessoas.

Até a data, 300 mil pessoas passaram pelo seu Centro de Acolhida.

Padre Opeka nominado para o Prêmio Nobel da Paz

O Padre Pedro Opeka, graças a seu trabalho humanitário foi candidato em distintas ocasiões ao prêmio Nobel da Paz, e recebeu um grande número de prêmios, como o Cavaleiro da ordem Nacional da Madagascar de 1996, o Prêmio Pomba de Ouro da Eslovênia de 1996, Oficial da Ordem Nacional do Mérito da França de 1998.

Missionário do ano jubilar na Itália no ano 2000, Cavaleiro da Legião de Honra da França em 2007, o Prêmio Mundo Negro à Fraternidade em 2007, o Prêmio Cirilo e Metódio da Eslovênia em 2008, e o Prêmio Cardeal Van Thuan ao Desenvolvimento e Solidariedade outorgado pelo Vaticano em 2008.