Ontem ao meio-dia, o Arcebispo de Lima e Primaz do Peru, Cardeal Juan Luis Cipriani, publicou um "esclarecimento público" no que sustenta que durante a campanha eleitoral para a Presidência da República, a Igreja só expôs sua posição "nos temas que são parte essencial de sua doutrina".

Ante a campanha de alguns meios de comunicação que buscaram enfrentar o Arcebispo com o candidato Ollanta Humala, o Arcebispo recordou que recebeu em sua casa tanto Humala como sua opositora Keiko Fujimori em encontros separados antes do primeiro turno eleitoral.

O prelado assinalou que "em ambos os casos, expus a posição da Igreja nos temas que são parte essencial de sua doutrina, quer dizer: seu rechaço ao aborto, seu rechaço ao matrimônio entre pessoas do mesmo sexo e a defesa da instituição da família como célula fundamental da sociedade".

O Cardeal reiterou que os dois candidatos, "comprometeram-se formalmente e estiveram de acordo com as colocações que lhes formulei, rechaçando o aborto, o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo; e reconhecendo o papel fundamental da família no desenvolvimento da sociedade".

O Arcebispo lamentou que "de maneira surpreendente, recentemente, introduziu-se no processo eleitoral a discussão sobre as esterilizações realizadas na década de 90, confundindo o eleitorado".

Embora o comunicado não abunda neste tema, o Cardeal Cipriani foi um dos mais enérgicos opositores à campanha de esterilizações forçosas perpetrada durante o governo de Alberto Fujimori e denunciou estes abusos em sua condição de Arcebispo de Ayacucho, a zona mais golpeada pela pobreza e o terrorismo nos anos 90.

O Cardeal Cipriani explicou que em suas reuniões com ambos os candidatos não se mencionou "uma política de esterilizações; pois, como repito, ambos manifestaram seu total respeito à vida e seu rechaço ao aborto".

"Em vistas da honradez e da imparcialidade do processo eleitoral, como Pastor faço esta necessária elucidação pública, a solicitude de muitos paroquianos, confundidos e incomodados por esta campanha indevida, com o único afã de procurar votos e que quebra o jogo limpo que requer a democracia peruana".