O vaticanista italiano do jornal La Stampa, Andrea Tornielli, afirma que no ano 2005 o Papa Bento XVI considerou, mas finalmente decidiu não optar pela canonização imediata de João Paulo II.

Em um artigo publicado hoje, Tornielli escreve que "o Papa Ratzinger não decidiu imediatamente. Conhecia bem seu predecessor e não tinha dúvidas sobre sua santidade pessoal. Quis consultar alguns colaboradores e ao final decidiu derrogar a espera de cinco anos (antes de abrir a causa), mas não por isso evitar a beatificação".

O vaticanista comenta ademais que a sugestão da canonização imediata foi feita pelo Cardeal Stanislaw Dziwisz, atual Arcebispo de Cracóvia (Polônia) e que foi secretário pessoal de João Paulo II por mais de 40 anos.

Ele indica também que a proposta para não esperar os cinco anos, depois da morte, que indica a norma para abrir uma causa, foi feita pelo Cardeal eslovaco Jozef Tomko, amigo pessoal do Papa João Paulo II e Prefeito Emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos.

Na opinião de Tornielli, os cardeais da cúria romana tinham acolhido o clamor de centenas de milhares de fiéis que durante os funerais do Papa polonês tinham repetido incessantemente: "Santo sùbito!" (Santo já!)

Três anos antes destes acontecimentos, em junho de 2003, uma discussão similar ocorreu no Vaticano pelo caso da Madre Teresa de Calcutá. O então Secretário de estado Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, tinha consultado por escrito em nome de João Paulo II a alguns cardeais da cúria romana para pedir-lhes sua opinião quanto à canonização imediata da religiosa e assim proclamá-la santa.

A idéia, diz Tornielli, "não desgostava o Papa Wojtyla, mas não se concretizou porque ele optou por ter em conta as objeções dos colaboradores consultados". Assim a Madre Teresa foi beatificada em outubro desse ano e sua causa de canonização segue atualmente seu curso.

O Papa Bento XVI beatificará o Servo de Deus João Paulo II no domingo 1º de maio na Praça de São Pedro em Roma, um acontecimento histórico já que será a primeira vez em mais de 10 séculos que um Pontífice eleva aos altares seu predecessor imediato.