A revista Civiltà Cattolica destacou no dia 2 de abril o testamento espiritual do ex-ministro para as Minorias Religiosas do Paquistão, Shahbaz Bhatti, que antes de ser assassinado no dia 2 de março pelos talibãs, escreveu "quero viver para Cristo e quero morrer por Ele".

"Meu nome é Shahbaz Bhatti. Nasci em uma família católica. Meu pai, professor aposentado, e minha mãe, dona-de-casa, educaram-me segundo os valores cristãos e os ensinos da Bíblia, que influíram em minha infância", escreveu o ex-ministro católico, morto por opor-se à lei de blasfêmia.

"Desde menino costumava ir à igreja e encontrar profunda inspiração nos ensinos, no sacrifício e na crucificação de Jesus. Foi seu amor o que me induziu a oferecer meu serviço à Igreja. As espantosas condições nas que puseram os cristãos do Paquistão me perturbaram".

"Lembro uma sexta-feira de Páscoa, quando tinha somente treze anos: escutei um sermão sobre o sacrifício de Jesus para nossa redenção e para a salvação do mundo, e pensei corresponder a esse amor dando de presente amor aos nossos irmãos e irmãs, pondo-me ao serviço dos cristãos, especialmente dos pobres, dos necessitados e dos perseguidos que vivem neste país islâmico".

"Pediram-me que ponha fim a minha batalha, mas o rechacei sempre, inclusive arriscando minha própria vida. Minha resposta foi sempre a mesma. Não quero popularidade, não quero posições de poder. Quero somente um lugar aos pés de Jesus. Quero que minha vida, meu caráter e minhas ações falem de mim e digam que estou seguindo Jesus".

"Este desejo é tão forte em mim que me considero um privilegiado no caso que – neste meu esforço batalhador de ajudar os necessitados, os pobres e os cristãos perseguidos do Paquistão – Jesus queria aceitar o sacrifício de minha vida".

"Quero viver para Cristo e quero morrer por Ele. Não experimento nenhum temor neste país. Muitas vezes os extremistas desejaram me assassinar, me prender; ameaçaram-me, perseguiram e aterrorizaram a minha família".

"Digo que, enquanto tenha vida, até o último fôlego seguirei servindo Jesus e esta pobre e sofredora humanidade, os cristãos, os necessitados e os pobres. Acredito que os cristãos do mundo que estenderam a mão aos muçulmanos golpeados pela tragédia do terremoto de 2005 construíram pontes de solidariedade, de amor, de compreensão, de cooperação e de tolerância entre as duas religiões".

"Se tais esforços continuassem, estou convencido que conseguiremos vencer os corações e as mentes dos extremistas. Isto produzirá uma mudança positiva: as pessoas não odiarão nem matarão em nome da religião, mas amar-se-ão uns aos outros, proporcionarão harmonia, cultivarão a paz e a compreensão nesta região".

"Acredito que os necessitados, os pobres, os órfãos, qualquer que seja sua religião, devem ser considerados acima de tudo como seres humanos. Penso que essas pessoas são parte do meu corpo em Cristo, que são a parte perseguida e necessitada do corpo de Cristo. Se levarmos a término esta missão, então teremos ganho um lugar aos pés de Jesus e poderei olhá-lo sem experimentar vergonha", escreveu Bhatti.

Para ler o testamento completo e uma análise da situação atual do vaticanisa Sandro Magister, ingresse em: http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1347491?sp=e