Duas dioceses canadenses recentemente vetaram a participação do Pe. Luis Arriaga em umas reflexões pela Quaresma, aduzindo que o Centro de Direitos humanos Miguel Agustín Pro (Centro Prodh) que ele preside, é suspeito de promover o aborto; acusação que o Centro nega.

No último dia 4 de abril a Conferência Episcopal Canadense emitiu uma declaração na qual comunicou que tanto a Arquidiocese de Ottawa como a Diocese de Alexandria-Cornwall decidiram suspender a participação do Pe. Arriaga porque "o Centro de Direitos humanos Miguel Agustín Pro (Centro Prodh) foi um dos grupos mexicanos que estiveram no centro da controvérsia dois anos atrás sobre a (entidade) Desenvolvimento e Paz".

Em março de 2009, Desenvolvimento e Paz, uma instituição de ajuda caridosa dependente da Conferência de Bispos Católicos do Canadá, foi acusada de financiar diversas organizações na América Latina para promover a distribuição de anticoncepcionais e o aborto.

Entre estes grupos figurava o Centro Prodh, a filial mexicana das autodenominadas Católicas pelo Direito a Decidir, e o Centro de Promoção e Saúde Integral (CEPROSI) na Bolívia. A denúncia levou o Episcopado canadense a iniciar uma investigação no dia 24 de março.

No comunicado de 4 de abril deste ano destaca-se ademais que a Conferência de Bispos Católicos do Canadá, a Arquidiocese de Ottawa e a agência Desenvolvimento e Paz "solicitaram esclarecimentos sobre o Padre Arriaga do Centro Prodh à Arquidiocese do México".

Em declarações à agência do grupo ACI em espanhol, a ACI Prensa, o porta-voz da Arquidiocese do México, Pe. Hugo Valdemar, assinalou não ter recebido notificação alguma por parte dos bispos canadenses; e explicou que "o Centro Miguel Pro está sob a jurisdição dos jesuítas e a Arquidiocese do México não tem ingerência direta em sua gerência".

O Pe. José Rosario da área de comunicações do Centro Prodh, disse à ACI Prensa que esta organização "não promove o aborto" mas se dedica a "dois eixos de direitos humanos: a segurança pública e a militarização, e o sistema de justiça em relação às pessoas encarceradas".

O Pe. Rosario indicou que embora o Centro Prodh realmente apareça como assinante de um documento de 10 páginas –assinado por mais de 100 organizações– que foi enviado à ONU como resposta ao "exame anual de direitos humanos" realizado para o México no ano passado no qual o aborto está incluído, sua instituição não "faz parte destes direitos".

O sacerdote considerou ademais que "já superamos o mal-entendido".

Entretanto, Carlos Pólo, Diretor do Escritório para a América Latina do Population Research Institute (PRI), assinalou à ACI Prensa no dia 13 de abril que "o Centro Prodh recebeu financiamento de vários milhares de dólares de Desenvolvimento e Paz no período 2007-2008".

"O Population Research Institute realizou uma investigação e comprovou entre outras coisas que o Centro Miguel Pro recomendava a harmonização da legalização relativa do aborto nos níveis federal e estatal em um relatório sobre a situação dos direitos humanos no México".

"Toda essa documentação foi apresentada à Conferência Episcopal Canadense em seu momento. O fato que agora tentem negá-lo é simplesmente isso: uma tentativa que não acredito que terá êxito", acrescentou.

"Esse grupo aparece em um relatório que preparamos no ano 2009; e como prova disso temos os conteúdos do site verificados por um cartório. Como supúnhamos, o link que falava do apoio do Centro Pro às iniciativas abortistas no México foi retirado de sua página web. O fato que já não esteja disponível é sintoma inequívoco que eles têm muito que ocultar", concluiu Pólo.