Em entrevista telefônica concedida à agência ACI Prensa em espanhol, o advogado especialista em direito eclesiástico e membro do Consórcio Latino-americano de Liberdade Religiosa, Dr. Gonzalo Floresça, assinalou que as recentes Sentenças a favor do crucifixo na Europa e Peru ressaltam como a dimensão religiosa do homem é geradora de cultura, história e identidade nacional.

Flores fez esta afirmação ao ser consultado sobre a relação entre a sentença de 18 de março da Corte Européia de Direitos humanos de Estrasburgo a favor do crucifixo nas escolas públicas e a sentença do Tribunal Constitucional do Peru de 22 de março, na que se indica que a Bíblia e o crucifixo em espaços públicos não afetam a laicidade do Estado nem a liberdade religiosa das pessoas.

Em 23 de março o jurista peruano disse à ACI Prensa que "embora estes são casos se deram em lugares distintos, um na América e outro na Europa, o que vale a pena destacar é que há uma tomada de consciência do valor que têm os símbolos religiosos na cultura".

"Apesar de que nos separam milhares de quilômetros a América da Europa, há uma consciência clara sobre a visão do homem religioso. Essa dimensão espiritual tem um efeito na cultura e vai marcando uma identidade em uma sociedade determinada".

Então, prosseguiu, "quando estamos falando dos símbolos religiosos como é o caso do crucifixo falamos do homem mesmo".

Para o ser humano e a sociedade, disse Flores, "os símbolos religiosos expressam uma visão do próprio homem e da cultura. Portanto o que estão fazendo ambos tribunais com suas respectivas sentenças é respeitar esse direito humano a poder ter no âmbito público símbolos religiosos que reflitam sua identidade cultural".

A coincidência de ambos os tribunais, opinião compartilhada também pela Corte Suprema de Cassação da Itália e o Tribunal Constitucional da Áustria, "fala no fundo de uma mesma visão do homem, uma mesma visão de seus direitos e uma mesma visão que tem a cultura que rodeia o próprio homem".

Finalmente, Flores indicou à ACI Prensa que a sentença do Tribunal Constitucional do Peru reconhece o vasto aporte da Igreja, entretanto, não busca "promover uma fé determinada como a católica, mas a identidade nacional assim como sua história e cultura".