Logo após a Audiência Geral da Quarta-feira de Cinzas, o Papa Bento XVI dialogou brevemente com um sacerdote do Paquistão a quem expressou sua profunda proximidade e solidariedade com os fiéis desse país depois do homicídio do ministro católico Shahbaz Bhatti, assassinado por extremistas muçulmanos no último 2 de março.

Conforme assinala a agência vaticana Fides, na audiência geral do dia 9 de março, o Pe. Shahzad Niamat, assinalou que "nós explicamos ao Papa a situação dos cristãos no Paquistão, onde ser testemunha da fé às vezes leva à morte".

"O Santo Padre se via muito preocupado e expressou sua solidariedade e seu apoio além de nos assegurar suas orações"

"O Papa nos comunicou sua esperança de que as coisas mudem e que no Paquistão se respeite plenamente a dignidade humana e a liberdade religiosa. Logo nos deu sua bênção".

Em declarações à ACI Imprensa em 10 de março, a embaixatriz do Paquistão ante a Santa Sé, Ayesha Riyaz, comentou que o assassinato do ministro "é algo que afetou a todos, todos nós o sentimos profundamente e o suportamos e o condenamos".

"Foi um homem notável com um muito bom coração que fez muitas coisas boas. Acredito que é um homem que deixou um legado, e esse legado é para a harmonia e o diálogo inter-religioso. Acredito que esse legado seguirá porque nós estamos comprometidos com ele".

Até o momento o mais cotado para suceder a Bhatti como ministro das minorias no Paquistão é Sherry Rehman, sobre quem também pesa atualmente uma condenação a morte por parte dos extremistas muçulmanos.

A diplomata não descartou que seja Rehman quem assumirá o cargo.

O ministro Shahbaz Bhatti foi interceptado por um grupo de mascarados quando saía de sua residência rumo ao seu escritório. Os assassinos que disseram ser membros do Al Qaeda dispararam com armas automáticas durante dois minutos contra o veículo de Bhatti. O ministro recebeu em total oito disparos que causaram a sua morte.

Os panfletos deixados pelos assassinos do ministro Bhatti na cena do crime continham frases como "foi morto porque era cristão, infiel e blasfemo", seu assassinato é parte de "uma guerra de religião para eliminar a aqueles que desejam modificar a lei sobre a blasfêmia"; e "por graça de Alá, todos os que são membros da Comissão de revisão da lei, irão ao inferno".

A lei de blasfêmia é uma norma inspirada na lei xaria (muçulmana) que castiga a quem ofenda o Corão ou Maomé, costuma ser usada para perseguir as minorias como a cristã pois um muçulmano pode acusar alguém sem provas e sem testemunhas. Os castigos por quebrar esta lei chegam inclusive à pena de morte.

Na sexta-feira e logo depois da Missa de exéquias o Arcebispo de Islamabad, Dom Anthony Rufin, disse que o funcionário "deu sua vida pela fé. Estou seguro de que a Igreja, seguindo seus tempos, o proclamará um mártir".