O diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) do Egito, Frei Nabil Fayez Antoun, disse que a situação que segue os enfrentamentos entre cristãos coptos e muçulmanos "é tensa e confusa", entretanto, expressou seu desejo de que "a razão prevaleça sobre a violência".

Na noite de 8 a 9 de março, no bairro de Mokattan (Cairo), houve um enfrentamento entre cristãos coptos e muçulmanos que deixou treze mortos e mais de cem feridos, e que ocorreu em meio do protesto dos coptos pelo incêndio no dia 4 de março da igreja de Atfih, na região de Helwan, ao sul do Cairo.

Este incêndio ocorreu pela disputa de duas famílias que se opõem à relação entre um jovem cristão e uma moça muçulmana.

Sobre o choque entre cristãos e muçulmanos, o religioso explicou esta quinta-feira à agência Fides que "a revolução dos jovens -que derrocou Hosni Mubarak-, desatou as distintas forças que estão presentes na sociedade egípcia, assim como estão se apresentando todos juntos os diversos problemas que há tempos afligem o Egito".

Entretanto, o frade indicou que esta revolução também pode abrir espaços para os cristãos. Ele afirma que se reuniu com jovens "e representantes de alguns partidos para discutir sobre como os cristãos podem também inserir-se na nova realidade, para dar sua contribuição ao bem comum".

Não à discriminação

Por sua parte, o Pe. Luciano Verdoscia, missionário comboniano que trabalha no Cairo, expressou à Fides seu desejo de que estes enfrentamentos sejam incidentes isolados. Entretanto, pediu aos cristãos manifestar-se "de forma pacífica, dizendo alto e claro que não queremos a discriminação, porque a verdade deve ser proclamada".

"Felizmente, também há sinais alentadores, tais como a toma de posse, muito oportuna e positiva, do ímã de El-Azhar, Ahmed el-Tayeb, que condenou a destruição da Igreja de Atfih, e do chefe do Exército, que prometeu a reconstrução do lugar de culto", afirmou.