O grupo dissidente conhecido como Damas de Branco denunciou que o Governo de Cuba as segue perseguindo à saída da Missa dominical ou através de programas televisivos, com o objetivo de desacreditá-las ante o resto de cubanos.

No sábado 27 a televisão estatal emitiu o programa "Peões do império", onde entrevistou dois agentes que estiveram infiltrados na oposição cubana. Um destes se chama Carlos Manuel Serpa Maceira e era identificado como "o agente Emilio", que atuava como jornalista que elaborava provas litográficas sobre as Damas de Branco para meios americanos.

Serpa Maceira acusou as Damas de Branco de serem aliadas dos Estados Unidos. Além disso qualificou Laura Pollán, líder deste grupo dissidente, como uma "manipuladora" e de ter "apanhado muitas presunções de protagonismo e dinheiro".

Estas acusações se repetiram em outros meios da ilha, todos controlados pelo Governo comunista. "É uma forma de desacreditar-nos, existem muitas revoltas no mundo e acredito que o que eles querem é que o povo mantenha uma má imagem das Damas de Branco", respondeu Pollán.

Pollán disse que não esperava que Serpa fosse um agente do Governo e assinalou que não seria estranho que houvesse outros infiltrados "em todas as organizações (dissidentes) e em todos os níveis".

Entretanto, afirmou que "as Damas de Branco nunca fizemos nada oculto, nossas reuniões são a portas abertas e os presentes que fazemos todo mundo sabe, são para o dia dos pais, o dia das mães".

"A imprensa independente cubana vai continuar fazendo seu trabalho como tem feito até agora", acrescentou.

Mais perseguição

Ao dia seguinte continuaram as perseguições contra este grupo de mulheres. Uns cem partidários do Governo as esperaram em uma rua central de Havana, por onde tinham que passar logo depois da Missa dominical.

Aos gritos de "traidoras, vendedoras da pátria e mercenárias", o grupo enviado pelas autoridades mantiveram cercadas durante várias horas 20 membros do grupo das Damas de Branco em uma esquina do bairro de El Vedado.

Várias ruas ao redor foram fechadas ao trânsito veicular e muito perto estavam apostadas duas ambulâncias e alguns carros da Polícia.

As Damas de Branco são uma organização composta pelas esposas e familiares de 75 dissidentes capturados a madrugada de 18 de março de 2003, data conhecida como a Primavera Negra. Elas realizam seus protestos pacíficos pela liberdade de seus maridos e parentes vestidas de branco.

Em 2005 foram reconhecidas com o prestigioso Prêmio Andrei Sajarov à Liberdade de Consciência, concedido pelo Parlamento Europeu. Esse ano o Governo de Fidel Castro não permitiu que seus representantes saíssem da ilha para receber o galardão.