O sacerdote John McCloskey considerou que a conversão ao catolicismo de seu amigo íntimo e outrora conhecido como o "rei do aborto", o doutor Bernard Nathanson, que veio a falecer na segunda-feira 21 de fevereiro, foi um "dos grandes momentos católicos do século 20 nos Estados Unidos".

Em uma entrevista concedida à agência EWTN Notícias, o sacerdote recordou o testemunho de Nathanson, responsável por 75 mil abortos e protagonista de uma comovedora história de conversão à causa pró-vida e à fé católica.

"Acredito que sua conversão do ateísmo ao catolicismo será vista como um verdadeiro ponto de inflexão em nossa história", afirmou o Pe. McCloskey, quem seguiu de perto a transformação de Nathanson de judeu ateu em um católico fervoroso.  

Em diálogo com o EWTN Notícias em 22 de fevereiro, o Padre McCloskey recordou que Nathanson foi "um grande homem, muito inteligente" que fez "um grande sacrifício pessoal para mudar sua opinião sobre uma questão muito importante".

O sacerdote conheceu o médico por volta de 1980 quando Nathanson já tinha abandonado a indústria do aborto e compartilharam um grande amor pela literatura. Durante o transcurso de sua amizade, o abortista arrependido tomou a segunda grande decisão de sua vida e foi batizado na Igreja Católica.

Em 1996, recebeu o Batismo, a Eucaristia e a Confirmação na festa da Imaculada Concepção na cripta da Catedral de São Patrício em Nova Iorque, em uma cerimônia presidida pelo então Cardeal John O'Connor. Isto ocorreu 15 anos depois de renunciar ao seu papel como um dos mais acérrimos defensores do aborto na história dos Estados Unidos.

Para o Padre McCloskey este foi "um dos grandes momentos católicos do século 20 nos Estados Unidos".

O sacerdote assegura que Nathanson sabia que "tinha sido completamente perdoado de seu pecado pelas águas do Batismo", mas também era consciente do "grande mal no qual esteve envolvido" e trabalhou para retificar seus erros "ao longo de várias décadas".

Nathanson, que foi ginecologista como seu pai, foi um dos promotores da legalização do aborto nos Estados Unidos e participou diretamente em dezenas de milhares de abortos, incluindo o de seu próprio filho.

Foi um dos fundadores da Associação Nacional para a Revogação das Leis de Aborto em 1969, hoje este grupo é conhecido como NARAL Pro Choice America, um dos mais firmes defensores do aborto legal no país.

Em meados da década de 70, entretanto, Nathanson começou a experimentar uma mudança interior radical e, finalmente, declarou-se a favor da vida em 1979.

"Ao estar cada vez mais envolvido na questão do aborto percebeu que estava matando seres humanos. Por isso saiu publicamente e disse ‘mudo para o outro lado'", explicou o sacerdote.

Nathanson produziu em 1985 o documentário "O grito silencioso", que mostra imagens de ultra sonografia nas que uma criança no ventre de sua mãe tentar se livrar dos instrumentos com os quais está sendo abortado.

O sacerdote recordou que o filme "teve um impacto enorme no país" apesar de que Nathanson tenha sido "desprezado pela imprensa secular".

O médico também realizou o documentário "Eclipse da Razão", que explica os distintos procedimentos de aborto em detalhe gráfico; e escreveu vários livros.

O médico se dedicou logo à ética na Universidade de Vanderbilt e viajou por todo mundo dando palestras sobre temas pró-vida. Nathanson também se apresentou como testemunha especializada nas legislaturas estatais e "seguiu exercendo a medicina durante um bom número de anos", assinalou o sacerdote.