O fiscal geral do Egito, Abdal Mayid Mahmud, acusou o ex-ministro do Interior, Habib el Adly, de ser o autor intelectual do atentado de 31 de dezembro contra a igreja copta de Qiddissin em Alexandria, que deixou 24 mortos.

Conforme informou na segunda-feira a cadeia árabe Al Arabiya, o fiscal ordenou abrir a investigação logo que a imprensa acusasse Habib de ter preparado o atentado, com o fim de adjudicar-lhe a um grupo radical islâmico e incrementar o apoio dos países ocidentais ao Governo de Hosni Mubarak.

"Segundo fontes diplomáticas britânicas, o ex-ministro do Interior criou há seis anos uma organização dirigida por 22 oficiais que utilizava antigos islamistas radicais, traficantes de drogas e agências de segurança para, chegado o caso de que o regime se visse em dificuldades, realizasse atos de sabotagem em todo o país", informou a cadeia.

O plano

Segundo o relatório da Fiscalização, um oficial do Ministério do Interior entrou em contato com Ahmed Mohamed Khaled, que acabava de sair da prisão depois de onze anos, e ordenou-lhe no 11 de dezembro que preparasse com o grupo terrorista Jundulá o atentado contra a igreja copta. Esta organização teria proporcionado as armas desde a Franja de Gaza.

Para o ataque, um líder do Jundulá, Mohammed Abdelhadi, recrutou Abdelramán Ahmed Alí para que translade os explosivos em um automóvel e o estacionasse em frente à igreja. A carga seria ativada por controle remoto, mas um oficial do Ministério do Interior a estourou antes que o terrorista pudesse escapar.

Depois do ataque, o oficial que contatou Khaled, pediu-lhe que se reunisse com o líder terrorista em um apartamento de Alexandria e entre ambos avaliassem o êxito do atentado.

No dia da reunião, oficiais do Governo rodearam o apartamento e transladaram Khaled e Abdelhadi ao Ministério do Interior.

Em 23 de janeiro, o ainda ministro do Interior, Habib el Adly, anunciou a captura dos radicais. Esse mesmo dia, Hosni Mubarak disse que a detenção era uma nova vitória contra o terrorismo e contra aqueles que procuram dividir ao país.

Entretanto, Khaled e o líder do Jundulá escaparam do ministério no dia 28 de janeiro em meio da crise, e se dirigiram à embaixada do Reino Unido onde contaram sua história.