Fontes próximas à família de Asia Bibi informaram à agência vaticana Fides que esta mãe cristã encarcerada no Paquistão, por supostamente ter violado a Lei de Blasfêmia, está cansada pelas constantes tensões sobre ela e agora teme por sua vida.

Fides assinala que Asia se sente constantemente em perigo de morte e confia sua vida a Deus. Ontem seu marido Ashiq se encontrou com ela na prisão e assinalou que é alarmante "o estado de prostração psicológica e de desespero" no qual ela se encontra.

Asia Bibi também se referiu ao assassinato do governador de Punjab, Salman Taseer, sobre quem afirmou que era "um homem bom e justo, um aliado em minha luta contra a injustiça e pela abolição da Lei de Blasfêmia. Quem nos protegerá agora? Estamos todos em perigo".

Fides assinala além que as tensões no país aumentaram logo que mais de 50 mil muçulmanos marcharam recentemente a favor da Lei de Blasfêmia. Neste evento o assassino de Taseer foi elogiado e chamado de "herói". Os participantes da marcha animaram a assassinar Asia Bibi e todos aqueles que se opõem a esta norma.

A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Xaria -lei religiosa muçulmana- para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão. A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo poderia supor o julgamento imediato e a posterior condena à prisão ou à morte do acusado. A lei é usada com freqüência para perseguir a minoria cristã, que costuma ser explorada no trabalho e discriminada no acesso à educação e os postos de função pública.

Sobre as ameaças que receberam as pessoas que ajudam Asia Bibi e sua família como, Haroon Barket Masih da Masihi Foundation, este advogado assinala que "hoje em dia existem 10 milhões de potenciais assassinos de Asia. Taseer foi assassinado, o ministro (para as minorias) Shahbaz Bhatthi ou o ex-ministro Sherry Rehman foram condenados à morte pelos extremistas".

"O governo, com o premier Gilani e o ministro da justiça, disse abertamente que não considera modificar de modo algum a Lei de Blasfêmia. O executivo acolhe os fundamentalistas: de tal modo se afasta dos princípios e da visão democrática e legítima com patentes violações de direitos humanos".

Masih se pergunta finalmente: "quem tem o poder no Paquistão hoje? O governo ou os líderes religiosos radicais?"