Em sua homilia da Missa pela Solenidade da Epifania do Senhor, o Papa Bento XVI ressaltou que Deus não é um rival do ser humano, "não tira nada nem o ameaça" mas "é o único capaz de nos oferecer a possibilidade de viver em plenitude, de provar a verdadeira alegria".

Na Basílica de São Pedro e diante dos fiéis presentes, Bento XVI refletiu sobre o que representa o rei Herodes, que à diferença dos Reis Magos não quer adorar o Menino Deus, mas acabar com Ele porque o considera uma ameaça que pode privá-lo do poder e de "tudo aquilo que deseja".

"Talvez também nós estejamos cegos diante dos seus sinais, surdos às suas palavras, porque pensamos que Ele põe limites à nossa vida e não nos permite dispor de nossa existência de acordo ao nosso próprio gosto?", indagou o Papa.

"Queridos irmãos e irmãs, quando vemos Deus deste modo terminamos por sentir-nos insatisfeitos e descontentes porque não nos deixamos guiar por Aquele que é o fundamento de todas as coisas".

Seguidamente o Papa alentou a "eliminar de nossa mente e de nosso coração a idéia da rivalidade, a idéia que dar espaço a Deus é um limite para nós mesmos, devemos abrir-nos à certeza que Deus é o amor onipotente que não tira nada, não ameaça, mas é o Único capaz de nos oferecer a possibilidade de viver em plenitude, de provar a verdadeira alegria".

A Bíblia tesouro riquíssimo da fé da Igreja

Referindo-se logo aos Reis Magos, o Santo Padre assinala que eles têm a oportunidade de encontrar-se com teólogos peritos na Sagrada Escritura mas que não aplicam esses ensinos a suas próprias vidas.
"Novamente devemos nos perguntar: não está também em nós a tentação de considerar as Sagradas Escrituras, este tesouro riquíssimo e vital para a fé da Igreja, mais como um objeto para o estudo e a discussão de especialistas, que como o Livro que nos indica o caminho para chegar à vida?"

Bento XVI recordou logo que, como afirma em sua exortação apostólica Verbum Domini, "deveria nascer sempre de novo em nós a disposição profunda de ver a palavra da Bíblia, lia na Tradição viva da Igreja, como a verdade que nos diz que coisa é o homem e como pode realizar-se plenamente, a verdade que é o caminho a percorrer cotidianamente, junto aos outros, se queremos construir nossa existência sobre a rocha e não sobre a areia".

A Palavra de Deus é "a verdadeira estrela que, na incerteza dos discursos humanos, nos oferece o imenso esplendor da verdade divina".

Finalmente o Papa exortou a "deixar-nos guiar por essa estrela que é a Palavra de Deus, sigamo-la em nossa vida, caminhando com a Igreja, onde a Palavra fixou sua tenda. Nosso caminho estará sempre iluminado por uma luz que nenhum outro sinal nos pode dar. E poderemos também nós converter-nos em estrelas para outros, reflexo daquela luz que Cristo fez resplandecer sobre nós".