Ao meio-dia deste sábado Bento XVI se dirigiu ao Balcão central da Basílica Vaticana para pronunciar a tradicional Mensagem natalina e a bênção "Urbi et Orbi" (à cidade de Roma e ao mundo) diante de milhares de fiéis que se reuniram na Praça São Pedro. Na sua mensagem o Santo Padre, que fez suas felicitações natalinas em 65 línguas, destaca que o nascimento de Jesus é motivo de esperança para todos os homens, sobretudo para aqueles que veem ofendida a própria dignidade.

Segundo a informação da Rádio Vaticano em português, o Papa elevou um veemente apelo em favor da paz – violada em muitas áreas do mundo – e dirigiu palavras de encorajamento aos cristãos perseguidos, em particular na China.

Dirigindo-se ao mundo inteiro, Bento XVI anunciou com alegria a mensagem extraordinária do Natal e expressou particular proximidade àqueles que sofrem por causa de guerras e catástrofes naturais, e aos perseguidos por sua fé em Jesus Cristo. Deus – ressaltou o Papa – "veio habitar no meio de nós", "Deus não está distante". Não é um desconhecido, mas "tem um rosto, o rosto de Jesus":

"Trata-se de uma mensagem sempre nova, que não cessa de surpreender, porque ultrapassa a nossa esperança mais ousada. Sobretudo porque não se trata apenas de um anúncio: é um acontecimento, um fato sucedido, que testemunhas críveis viram, ouviram, tocaram na Pessoa de Jesus de Nazaré!", destacou.

Diante da revelação de que o Verbo se fez carne – constatou o Pontífice – "ressurge uma vez mais em nós a pergunta: Como é possível? O Verbo e a carne são realidades opostas entre si; como pode a Palavra eterna e onipotente tornar-se um homem frágil e mortal?"

"Só há uma resposta possível: o Amor. Quem ama quer partilhar com o amado, quer estar-lhe unido, e a Sagrada Escritura apresenta-nos precisamente a grande história do amor de Deus pelo seu povo, com o ponto culminante em Jesus Cristo", assinala o Papa na nota da RV.

Na realidade – observou o Papa – Deus não muda, é fiel a Si mesmo: Deus não muda, Ele é Amor desde sempre e para sempre. É em Si mesmo Comunhão, Unidade na Trindade e toda sua obra e palavra busca a comunhão. E a encarnação, portanto, é o ápice da criação:

"«O Verbo fez-Se carne». A luz desta verdade manifesta-se a quem a acolhe com fé, porque é um mistério de amor. Somente aqueles que se abrem ao amor são envolvidos pela luz do Natal. Assim sucedeu na noite de Belém, e assim é hoje também."

"A encarnação do Filho de Deus – acrescentou – é um acontecimento que se deu na história, mas ao mesmo tempo ultrapassa-a":

"Na noite do mundo, acende-se uma luz nova, que se deixa ver pelos olhos simples da fé, pelo coração manso e humilde de quem espera o Salvador. Se a verdade fosse apenas uma fórmula matemática, em certo sentido impor-se-ia por si mesma. Mas, se a Verdade é Amor, requer a fé, o «sim» do nosso coração."

"Acreditar em Deus que quis compartilhar a nossa história – prosseguiu o Santo Padre– é um constante encorajamento a comprometer-se com ela, inclusive no meio das suas contradições".

O Papa também expressou seu desejo de que "a luz do Natal resplandeça novamente naquela Terra onde Jesus nasceu, e inspire Israelenses e Palestinos na busca duma convivência justa e pacífica”e que “o anúncio consolador da vinda do Emanuel mitigue o sofrimento e console nas suas provações as queridas comunidades cristãs do Iraque e de todo o Oriente Médio, dando-lhes conforto e esperança no futuro e animando os Responsáveis das nações a uma efetiva solidariedade para com elas”.

Bento XVI pediu também por aqueles que "na Colômbia e na Venezuela, mas também na Guatemala e na Costa Rica, sofreram recentemente calamidades naturais" ademais de pedir pelo povo do Haiti.

"O nascimento do Salvador abra perspectivas de paz duradoura e de progresso autêntico para as populações da Somália, do Darfour e da Costa do Marfim; promova a estabilidade política e social em Madagáscar; leve segurança e respeito dos direitos humanos ao Afeganistão e Paquistão; encoraje o diálogo entre a Nicarágua e a Costa Rica; favoreça a reconciliação na Península Coreana."

Bento XVI fez votos de que “a celebração do nascimento do Redentor reforce o espírito de fé, de paciência e de coragem nos fiéis da Igreja na China continental: Para que não desanimem com as limitações à sua liberdade de religião e de consciência e, perseverando na fidelidade a Cristo e à sua Igreja, mantenham viva a chama da esperança".

Após a mensagem tiveram, então, lugar as referidas saudações de Natal em 65 línguas, começando do italiano e concluindo com o latim. Bento XVI se dirigiu aos povos de língua portuguesa nas seguintes palavras: "Feliz Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e Nações!"

Após a fórmula da indulgência plenária, o Santo Padre concluiu a mesma concedendo a todos a sua Bênção.