Em um discurso gravado, Guillermo Fariñas pediu à União Européia (UE), não deixar-se enganar pelos "cantos de sereia" do Governo comunista de Raúl Castro, que negou a ele a permissão para sair de Cuba e receber o prêmio Sajarov do Parlamento Europeu à liberdade de consciência.

"A única aspiração de Cuba, depois de aparentar supostas mudanças econômicas, é que a União e o Parlamento europeus levantem a posição comum, e beneficiar-se dos créditos e investimentos", expressou o dissidente, que não pôde viajar a Estrasburgo (França), para receber o prêmio.

Por sua parte, Jerzy Buzek, presidente do Parlamento Europeu, referiu-se à cadeira vazia que Fariñas devia ter ocupado e indicou que ela "demonstra como é necessário este prêmio que a cada ano homenageia uma figura defensora dos direitos humanos no mundo".

Em sua mensagem, o dissidente agradeceu pelo prêmio e expressou sua esperança de que a UE não se deixe enganar "pelos cantos de sereia de um cruel regime de comunismo selvagem".

Além disso pediu que fosse exigido ao Governo cubano a liberação de todos os presos políticos, facilitar a criação de partidos políticos, sindicatos e meios de comunicação independentes; suprimir as ameaças contra os opositores pacíficos, eliminar as leis que contradizem a Declaração Universal dos Direitos humanos, e aceitar que os cubanos da diáspora participem da vida pública do país.

Fariñas disse que Cuba atravessa "um crucial momento histórico" e que o mundo deve seguir atento às "contínuas explosões sociais e protestas" que surgem pela frustração do povo ante a prepotência "de um Governo que possa dar a ordem de ultimar meus compatriotas".

"Oxalá Deus não permita que aconteça uma desnecessária guerra civil entre cubanos, pela ofuscação de não aceitar que o socialismo de Estado tenha fracassado como modelo político", indicou e assinalou que a transição deve seguir a via pacífica.

Ele assinalou que os cubanos pró-democráticos presos, os exilados e aqueles "que aparentemente se encontram em liberdade nas ruas", seguirão lutando pela transição em Cuba.

Depois de expressar sua fé em Deus, Fariñas afirmou ao final de seu discurso que junto dos seus colegas dissidentes desterraram que sua alma "qualquer rancor contra meus adversários políticos", pois aprenderam de Cristo a perdoar os inimigos. "Queira Deus, que em Cuba se obtenha em breve a reconciliação entre seus filhos e esta seja abençoada com a democracia", manifestou.

Por sua parte, durante a cerimônia de entrega Buzek exigiu a "imediata liberação" de Fariñas e de todos os detentos políticos cubanos. Além disso pediu à chefa da diplomacia européia, Catherine Ashton, buscar um "diálogo com a sociedade civil" na ilha.