O diretor das Obras Missionárias Pontifícias no Paquistão, Padre Mario Rodrigues, reiterou o chamado da Igreja a abolir a polêmica "Lei de Blasfêmia" que é usada para discriminar às minorias religiosas no país, a propósito da Jornada Mundial dos Direitos humanos que se celebra este 10 de dezembro.

Em declarações à agência vaticana Fides, o sacerdote considerou que a Jornada convocada pela Organização de Nações Unidas (ONU) "é a ocasião para centrar a atenção nos artigos do Código Penal que conformam a lei sobre blasfêmia".

"A lei é uma flagrante violação dos direitos humanos, permitida e legitimada pelo Estado. É uma medida que permite e justifica injustiças, discriminações e perseguições. É uma lei que terá que abolir", explicou o presbítero.

O sacerdote recordou o caso de Asia Bibi, "a mulher cristã condenada a morte precisamente pelo uso iníquo da lei sobre a blasfêmia" e considerou que "a incerteza e as ameaças de grupos terroristas são um pesadelo para todos aqueles que defendem a mulher".
Também sustentou que "a lei sobre a blasfêmia contradiz abertamente a Declaração Universal dos Direitos humanos, da que o Paquistão é signatário. É uma lei promulgada pelo ditador Zia e jamais aprovada por um Parlamento. As leis se fazem para proteger aos cidadãos, não para persegui-los".

O sacerdote considerou que esta lei tem como vítimas também muitos muçulmanos e é "uma traição ao Islã, já que ela não está contida no Corão e o Profeta Maomé certamente não gostaria que se cometessem atos de violência e assassinatos em seu nome".

"Como cristãos do Paquistão, acreditamos ser importante para a justiça e a convivência civil que a lei seja abolida, e apoiamos qualquer proposta de revisão", continua.

Conforme informa Fides, "a Jornada dos Direitos humanos 2010 foi dedicada pelas Nações Unidas, em particular, aos ativistas e a todos aqueles que se comprometeram a defender e promover os direitos humanos".