Um destacado especialista italiano denunciou em declarações ao jornal Avvenire que a crise de espiritualidade e moral cristã, que chegou até os seminários nacionais, tem entre suas causas que os candidatos ao sacerdócio tenham sido submetidos aos critérios impostos pela moda psicanalítica.

Giuseppe Mazzoccato, presidente do Estudo Teológico de Treviso e docente de Teologia moral na faculdade Teológica da Itália Setentrional, publicou uma pesquisa sobre o emprego do método psicanalítico na formação do clero italiano, intitulada “Enfermidade da mente ou enfermidade do querer?” (Edição Glossa 2004).

Na entrevista que concedeu a Avvenire, Mazzocato lembra que as ciências psicológicas não podem pretender explicar tudo o que acontece na alma, ao apoiar-se em postulados biológicos que negam a espiritualidade e a liberdade.

"A atribuição de uma competência exclusiva às ciências psicológicas produz aquela vazão da moral, evidente na sociedade contemporânea, assim como é evidente a desproporção da ênfase atribuída à figura do psicólogo nos meios de comunicação  e nos ambientes formativos”, adverte o teólogo.

Segundo Mazzocato, “nossa sociedade tende a remover o conceito mesmo da moral. As teorias psicológicas, de fato, concordam no prescindir dos perfis morais da experiência humana. Está também o fato que as psicologias introduziram uma espécie de medicalização do sofrimento psíquico".

Para o perito, embora a moda psicanalítica esteja em crise, ainda tem auge nos ambientes cristãos, especialmente nos eclesiásticos e onde o psicólogo não suprimiu o diretor espiritual, mas este se comporta como psicólogo.

"Infelizmente, este uso das psicologias está mais facilmente presente nos ambientes formativos e particularmente naqueles católicos. Parece-me ver uma teologia rebocada pelas ciências: primeiro o psicanálise, depois as direções cognitivistas e a seguir, aquelas psico-sociais e relacionais, hoje as neurociências", adverte o especialista.