O Pe. Benito Hernández é o Pároco da igreja de "Our Lady of Guadalupe" (Nossa Senhora do Guadalupe) na cidade de Denver nos Estados Unidos. Há um ano decidiu cobrir um mural com uma versão livre da Padroeira da América –desenhada com fortes tons "new age", para substitui-la com um muro que inclui uma réplica da verdadeira imagem da Virgem do Tepeyac.

O Pe. Hernández não contava, entretanto, que a pesar do apoio massivo dos fiéis, um reduzido grupo de latinos se organizaria em torno de um ativista para protestar ante os meios de comunicação contra aquilo que consideravam "um ultraje à comunidade latina".

Os protestos contra a mudança, com efeito, vêm sendo lideradas por Mike Wilzoch, um americano sem conexões com a comunidade latina que se descreve em sua página do Facebook como "à esquerda de Mao (Tse Tung)" quanto à sua posição política e que declara que suas convicções religiosas "foram tiradas a golpes pelas freiras".

A disputa em torno da imagem se remonta a 1977, quando a artista Carlota Espinoza convenceu o pároco de então para pintar uma imagem da Virgem do Guadalupe que supostamente havia "visto em uma revelação" depois de um acidente no México e que contém diversos elementos "new age" de moda durante a década dos 70. Depois disto, esta imagem vinha presidindo o altar maior da Paróquia.

Nessa mesma década, a paróquia acolheu diversos movimentos sociais, incluindo os líderes da revolução sandinista na Nicarágua. O pároco de então e hoje ex-sacerdote, é um dos que se somaram ao grupo de protesto.

O grupo inclui ademais membros de movimentos políticos e sociais; a maioria dos quais deixaram a Igreja para tornarem-se evangélicos ou membros de outras confissões, e outros simplesmente não têm fé.

Logo depois de algumas infrutíferas marchas de protesto em frente à paróquia, que nunca chegaram a congregar a mais de 20 pessoas, Mike Wilzoch decidiu recorrer às suas táticas de ativista comunitário e convocou uma conferência de imprensa para apresentar ante os meios a decisão do Pe. Hernández como uma "afronta" à comunidade hispânica da Arquidiocese de Denver.

Luis Soto, Diretor do Ministério Hispânico da Arquidiocese de Denver e Diretor do Centro San Juan Diego, assinalou à agência ACI Prensa em espanhol que "se houver alguém nos Estados Unidos que faz muito pelos Hispânicos é o atual Arcebispo de Denver, Dom Charles Chaput. É uma vil mentira dizer o contrário. Isto eu defendo com toda certeza em qualquer âmbito e diante quem seja. O Arcebispo sempre ajudou os Hispânicos e a prova disso é o Centro San Juan Diego, criado no ano 2003 e que serve a 30 mil pessoas por ano".

Neste centro no qual a Arquidiocese investiu quatro milhões de dólares, "os Hispânicos recebem desde aulas de inglês até diversas capacitações para uma vida melhor", acrescentou Soto.

Sobre o caso da paróquia Our Lady of Guadalupe, Luis Soto explicou à ACI Prensa que "a realidade demográfica da paróquia mudou muito. Nos fins de semana se celebram oito Missas nela e posso dizer com certeza que 99,9 por cento dos fiéis agora estão de acordo com a decisão do pároco, com a renovação".

O Diretor do Ministério Hispânico da Arquidiocese de Denver destacou ademais que as decisões em uma paróquia são tomadas pelo Pároco e o Conselho paroquial, por isso, "quem não pertence a ela não pode forçar uma decisão. É como se havendo eu comprado uma casa decidisse pintá-la de uma cor e os que a acabam de deixar me dissessem que não gostam. Simplesmente não lhes compete".

Um antigo paroquiano que se opõe a protesta e que conversou com a ACI Prensa pedindo anonimato por temor a represálias dos ativistas, assinalou que Mike Wilzoch e o ex-sacerdote que está atrás do protesto "manipulam a pessoas de bom coração porque têm uma agenda de confrontação social e étnica, onde a ‘reivindicação da raça’ desloca completamente a nossa fé".

Wilzoch, que esta semana liderou uma nova "procissão de protesto" de doze pessoas à Sede da Arquidiocese, assinalou que "seguiremos lutando até conseguir o objetivo da restauração da imagem".

Entretanto Jeanette DeMelo, Diretora de Comunicações da Arquidiocese, assinalou que "escutamos os fiéis da paróquia e os líderes da comunidade hispânica, e majoritariamente eles apóiam a mudança".