O dissidente Guillermo Fariñas não pôde solicitar a permissão de saída de Cuba para viajar a Estrasburgo (França) a receber o prêmio Sajarov para a Liberdade de Consciência porque as autoridades migratórias da ilha ainda não entregaram o seu passaporte.

Fariñas explicou à Europa Press que no último 3 de novembro -dias depois de conhecer a decisão da Euro-câmara- iniciou o trâmite de expedição de seu passaporte ante a Direção de Emigração e Assuntos estrangeiros da localidade da Santa Clara (oeste), onde reside, mas até a data não lhe deram resposta.

A gestão do passaporte é apenas o primeiro passo para iniciar a solicitude da chamada "carta branca" que lhe permitirá sair da ilha de forma temporária. "Uma vez que tenha o passaporte devo ir até a Embaixada da França (em Havana) a pedir o visto e depois é que posso fazer a solicitude da permissão de saída", disse o jornalista independente em declarações telefônicas.

Fariñas espera que as autoridades migratórias de Santa Clara entreguem esta semana o seu passaporte, mas confessa que é "pessimista" ante a possibilidade de realizar a viagem a França para receber pessoalmente o reconhecimento da Euro-câmara.

O psicólogo opositor acredita que o Governo de Raúl Castro, "em vingança", não lhe dará a autorização de saída ou dilatará o processo para que não possa ir a Estrasburgo para "denunciar tudo o que acontece em Cuba".

"Com tudo o que se refere ao Governo (de Castro) sou pessimista e sei que eles não vão dar a permissão porque estão evitando a projeção internacional deste opositor na Europa e isso não convém ao regime”, asseverou.

Assim, recordou o ocorrido a outros de seus companheiros como a blogger Yoani Sánchez, a quem negaram a permissão de saída mais de uma dezena de vezes para receber prêmios internacionais e participar de eventos importantes em países como a Espanha e o Chile.

Fariñas asseverou que uma vez fora da ilha estaria disposto a expressar publicamente os motivos pelos quais se opõe a que a União Européia levante a Posição Comum a Cuba, ao mesmo tempo em que "denunciaria os abusos dos dissidentes e solicitaria a libertação de todos os detentos políticos".

Não obstante, o jornalista independente deixou claro que sua saída de Cuba será "apenas temporária" e que não tem intenções de solicitar residência ou asilo em outro país.

Guillermo Fariñas, doutor em psicologia e jornalista, realizou 23 greves de fome ao longo de sua vida para protestar contra a censura e a violação dos Direitos humanos em Cuba. A última foi iniciada em fevereiro deste ano depois da morte de outro dissidente, Orlando Zapata, à qual pôs fim 135 dias depois, depois do anúncio da liberação de 52 detentos políticos em Cuba graças à mediação da Igreja Católica.