O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Pe. Federico Lombardi, assinalou na conferência de imprensa da apresentação do livro-entrevista do jornalista alemão Peter Seewald com o Papa Bento XVI que este constitui "um ato de verdadeira coragem comunicativa" que busca chegar a todos, não só aos católicos.

Em suas declarações aos jornalistas na Sala de Imprensa do Vaticano, o sacerdote comentou sobre este novo livro que "podemos estar agradecidos por um ato de verdadeira coragem comunicativa. Como lhes dizia, (o Papa) procurou falar com uma linguagem que as pessoas entendem, uma linguagem acessível a todos, quis confrontar tantas perguntas, inclusive correndo o risco de suscitar discussões e de não ser sempre compreendido perfeitamente. Por quê? Porque é responsável por afirmar a participação da Igreja e a sua em todos os problemas que o mundo de hoje encontra".

O sacerdote também respondeu a diversas perguntas sobre a confusão gerada na imprensa pelas declarações do Papa sobre o preservativo. No livro "Luz do Mundo" de Peter Seewald, o Papa expõe como exceção para o uso do preservativo o caso dos varões que se prostituem, como aparece no texto original em alemão e na tradução ao inglês, que difere da tradução publicada pelo L’Osservatore Romano que em italiano usa o termo "prostituta". A confusão se agravou quando diversos meios de comunicação difundiram este fragmento do livro fora de contexto e o apresentaram como uma mudança nos ensinamentos da Igreja em matéria de sexualidade.

Sobre o comunicado divulgado no domingo pela tarde sobre este tema referente à correta interpretação das palavras do Papa, o Pe. Lombardi explica que o texto dessa nota foi visto e aprovado pelo Pontífice  e que os enganos na tradução do original alemão no exemplo usado pelo Pontífice não mudam a substância da resposta.

"Pessoalmente perguntei ao Papa se havia algum problema sério ou importante na eleição do masculino sobre o feminino. Ele me disse que não. (…) A idéia é que este é o primeiro passo para a tomada de responsabilidade quando se leva em consideração o risco da vida do outro com quem se tem relações. Se for mulher, homem ou transexual, o ponto segue sendo o mesmo", indicou.

O porta-voz vaticano indicou logo que "a contribuição que quis dar o Papa não é a de uma discussão técnica, com linguagem científica de problemas morais. Esta não é uma tarefa de um livro deste gênero: não quer mudar o trabalho da Congregação para a Doutrina da Fé. Por isso não usou as expressões ‘mal menor’, ‘duplo efeito’ ou outras fórmulas clássicas particulares, mas quis usar uma linguagem muito coloquial e que todos possam entender".

Então, conclui o sacerdote, ao dizer que quando um prostituto usa um preservativo se dá "um primeiro passo na direção da responsabilidade, é falar em uma linguagem ampla, que contempla a condição e a problemática de todos e não das condições específicas ou internas da Igreja".