Neste fim de semana alguns líderes muçulmanos moderados expressaram seu apoio à campanha "para salvar Asia Bibi (a mulher cristã paquistanesa condenada à morte) e pedir a derrogação da lei sobre a blasfêmia" que trouxe uma série de abusos contra as minorias religiosas no Paquistão.

Em declarações à agência vaticana Fides, os líderes muçulmanos do "Jinnah Institute" de Islamabad, que trabalha pela construção do Estado de Direito e da democracia no Paquistão. Também manifestou seu apoio à campanha, Ali Jinnah, pai da Pátria e redator da Constituição nacional.

"Asia Bibi é outra vítima do preconceito que prevalece em nossas instituições. Se todas as instituições estatais, incluindo os magistrados e o sistema judicial, são incapazes de proteger as minorias dos abusos, é um problema grave, que os faz cúmplices destes martírios", advertiu Sherry Rehman, membro do Parlamento e presidenta do "Jinnah Institute".

Rehman indicou que "há mais de vinte anos, a lei sobre a blasfêmia é manipulada e utilizada como um instrumento de dominação sobre as comunidades mais fracas. Chegou o momento de aboli-la".

Não é a primeira vez que vozes moderadas pedem a derrogação da lei de blasfêmia. Entretanto, os protestos dos fundamentalistas islâmicos evitaram qualquer revisão. Entre os opositores a mudar a legislação está a Conferência dos "Jamiat Ulema do Paquistão" (JUP), que representa a mais de 30 partidos religiosos.

Ali Dayan Hasan, membro também do "Jinnah Institute", disse que o caso de Asia Bibi "deve servir para despertar a sociedade paquistanesa para que tutele os direitos humanos; deve ser uma chamada ao sistema judicial, que deve desfazer-se da incompetência e do fanatismo; deve supor um convite ao governo para que encontre a vontade política para derrogar a lei sobre a blasfêmia".