Ashiq Masih, marido de Asia Bibi, a cristã condenada à morte no Paquistão por uma suposta ofensa contra Maomé que ela nega rotundamente, pediu que se reze por ela e se denunciar esta aplicação abusiva da lei de blasfêmia neste país majoritariamente muçulmano.

Em um vídeo produzido pela organização Voice of the Marthyrs (Voz dos Mártires -VOM), Ashiq Masih exortou a rezar "por minha esposa, pedindo a Deus que a liberem logo. Por favor difundam esta noticia por todo mundo e rezem também por mim, minha esposa e nossos filhos" que são cinco em total.

Depois de assinalar que "eu estou rezando pelos que estão me ajudando", Masih agradece a ajuda do VOM.

Na audiência geral desta quarta-feira 17 de novembro, o Papa Bento XVI exortou as autoridades do Paquistão a liberar o antes possível a cristã Asia Bibi e expressou sua solidariedade e proximidade com a minoria cristã perseguida neste país.

O caso de Asia

Em junho de 2009, Asia cumpria trabalhos de operária em Sheikhupura, perto de Lahore, Paquistão. Em uma ocasião pediram-lhe que procurasse água potável para suas companheiras. Algumas das trabalhadoras –todas muçulmanas– se negaram a beber a água por considerá-la "impura" devido a que foi provida por uma cristã.

Um dia mais tarde Bibi foi atacada por um bando. Ela denunciou o caso à polícia e foi levada a uma delegacia para sua segurança, onde paradoxalmente recebeu uma acusação de blasfêmia por ter supostamente insultado Maomé. Desde sua reclusão disse aos investigadores que é perseguida por ser cristã e negou ter proferido os insultos.

A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal do Paquistão para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão, que seja denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais. Sua aplicação pode supor o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão de qualquer pessoa.

Até a data, Paquistão ninguém foi executado por blasfemar mas ao menos 80 pessoas são processadas anualmente sob estes cargos. Estima-se que somente três por cento dos 167 milhões de paquistaneses não são muçulmanos.

Em julho passado, dois irmãos cristãos acusados de ter redigido um panfleto com críticas a Maomé foram assassinados a tiros quando saíam de uma corte na que eram processados sob a Lei da Blasfêmia.

O vídeo do esposo de Asia Bibi (com legenda em espanhol) pode ser visto em: http://www.aciprensa.com/noticia.php?n=31839