O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, P. Federico Lombardi, assinalou que o Papa Bento XVI não pretendia gerar "uma confrontação" com a comparação que fez do laicismo da Espanha atualmente com o dos anos 30, a época da Guerra Civil Espanhola.

Em declarações à imprensa logo depois da Missa na que dedicou o templo expiatório da Sagrada Família, o Pe. Lombardi fez referência à resposta do Papa, no vôo de Roma a Santiago da Compostela, a uma pergunta sobre o novo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização e sua relação com a Espanha.

O Papa explicou sobre este tema que embora a Espanha seja um país onde a fé é "originária" e que moldou o catolicismo atual com a plêiade de santos que possui, também nela "nasceu uma laicidade, um anti-clericalismo, um secularismo forte e agressivo, como vimos nos anos 30, e esta disputa, este desencontro entre fé e modernidade, ambas muito vivazes, realiza-se também hoje novamente na Espanha: por isso para o futuro da fé e do encontro –não o desencontro, mas o encontro entre fé e laicidade– tem-se um ponto central também na cultura espanhola. Por isso pensei em todos os grandes países do Ocidente, mas sobre tudo e também na Espanha".

O Pe. Lombardi disse ademais, informou a Europa Press, que as afirmações do Papa não são resultado de um "estudo nem análise histórica. Em cada país –ao qual viaja o Pontífice– vemos tensões e todos sabemos. Não é nenhuma surpresa", acrescenta.

O porta voz vaticano comentou que o Papa recordou que a tradição cristã que aportou tantos santos à Igreja, como Santa Teresa de Jesus, e ao mesmo tempo vive momentos de "anti-clericalismo e laicismo" que deram lugar a tensões como nos anos 30.

"Hoje há tensão entre a dimensão cristã e o laicismo, e não queremos oposição,mas encontro", sublinhou para explicar o que foi dito pelo Papa quem também se referiu à necessidade de vencer o desencontro, como se aprecia nas declarações anteriores.

Sobre o novo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, o Papa Bento XVI também tinha indicado que com este dicastério "pensei por si no mundo inteiro porque a novidade do pensamento, a dificuldade de pensar nos conceitos da Escritura, da teologia, é universal. Mas há naturalmente um centro e este é o mundo ocidental com seu secularismo, sua laicidade, e a continuidade da fé que deve procurar ser renovada para ser fé hoje e para responder ao desafio da laicidade".

"No ocidente todos os grandes países têm seu próprio modo de viver este problema: vimos o exemplo nas viagens à França, República Tcheca, Reino Unido, aonde em todo lugar se vê presentes de modo específico para cada nação, para cada história o mesmo problema, e isto vale de modo forte para a Espanha", disse o Papa.

Caridade é marca da viagem papal

O Pe. Federico Lombardi também escreveu uma nota editorial intitulada "O Papa, o povo e a caridade" na qual destaca que o amor mostrado pelo Santo Padre aos espanhóis, a Europa e ao mundo inteiro nesta recente viagem constitui uma "língua cotidiana que todos podem entender".

Depois de destacar seu passo como peregrino em Santiago de Compostela e a importância da verdade e a beleza manifestada na agora Basílica Menor da Sagrada Família, obra do católico devoto Antoni Gaudí, o Pe. Lombardi sublinha a visita do Papa aos pequeninos do Nen Deu em Barcelona.

Sobre este, o sacerdote disse "não pode faltar. Não existe comunidade crente sem amor ativo, capaz de transformar, transfigurar o sofrimento em esperança e em alegria. A caridade vivida é a estrela do caminho, a língua cotidiana que todos podem entender. Por aqui passa necessariamente o caminho do Papa".