O teólogo Armand Puig desvelou as chaves do Evangelho cristão através dos elementos arquitetônicos e decorativos da Sagrada Família em uma ampla interpretação de todos os símbolos e detalhes que enchem este templo.

Em roda de imprensa, o autor do livro "A Sagrada Família segundo Gaudí" (Pòrtic) explicou que o arquiteto usou a "linguagem das pedras" para manifestar seu cristianismo, já que a igreja representa todas as bases do Evangelho.

O autor reivindicou que Gaudí não é esotérico, mas um artista simbólico que "esconde e ensina". Em primeiro lugar, destacou as quatro colunas centrais –localizadas no cruzeiro da planta–, que remetem aos quatro evangelistas com uma cor avermelhada e uns medalhões simbólicos. A águia representa João; o touro, Lucas; o leão, Marcos, e o anjo emula Mateus.

"Estas quatro colunas o sustentam tudo, como a Palavra de Deus no Evangelho", resumiu. Puig remarcou a presença de medalhões repartidos no resto de colunas em representação de cada uma das diocese catalãs, espanholas e internacionais. Todas as colunas se coroam em um bosque com folhas e frutos que, em simbologia religiosa, representam o povo de Deus.

Concretamente, no templo se contabilizam 12 cestos de frutos correlacionados com a passagem bíblica que narra que na nova Jerusalém havia uma coleta mensal das frutas para mostrar sua fertilidade. "A Sagrada Família é a nova Jerusalém", exclamou.

As três partes do templo são três caminhos bíblicos: a humanidade, Jesus Cristo e a Igreja. Puig se centrou em explicar o caminho de Jesus Cristo, que arranca no portal do presépio e termina no da Paixão. Este caminho, que percorre o cruzeiro, encarna o nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus "passando da poesia lírica ao drama", já que o portal da paixão está representado por 24 ossos, como os que há nas costelas e as vértebras.

O livro está publicado em castelhano, catalão e italiano para facilitar que o Papa e os cardeais vaticanos possam "captar" a riqueza da Sagrada Família em sua dedicação no próximo 7 de novembro.