O Vigário General do Patriarcado de Babilônia dos Caldeus (Jordânia), Pe. Raymond Moussalli; e o conselheiro político do grande muftí do Líbano, Muhammad Al-Sammak, coincidiram no Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio que se celebra no Vaticano que os cristãos são parte essencial do mundo árabe.

O Pe. Moussalli assinalou em sua intervenção que os cristãos "somos parte da história e da cultura desta região médio-oriental e se chegássemos a estar obrigados a abandoná-la, perderíamos nossa identidade na próxima geração. Por isso espero que do Sínodo surja a necessidade de estabelecer uma colaboração mais estreita entre os chefes das distintas Igrejas no diálogo recíproco com os irmãos muçulmanos moderados".

Seguidamente o sacerdote denunciou que "existe uma campanha deliberada para lançar os cristãos fora do país. Existem também planos satânicos dos grupos fundamentais extremistas, não apenas contra os cristãos no Iraque, mas contra os cristãos em todo o Oriente Médio".

Finalmente expressou a necessidade de "sensibilizar a comunidade internacional para que não permaneça em silêncio diante do massacre dos cristãos do Iraque e dos países de tradição católica, para que façam algo pelos cristãos iraquianos, começando pela pressão sobre o governo local. Estamos atravessando um tempo catastrófico pela emigração das famílias e a perda de nosso povo que fala ainda a língua aramaica pronunciada por nosso Senhor Jesus Cristo".

Por sua parte o líder muçulmano Al-Sammak denunciou a "falta de respeito dos direitos dos cidadãos com plena igualdade ante a lei de alguns países" e ressaltou que os cristãos são considerados no Corão como "os mais amigos dos crentes".

Em sua intervenção rechaçou o extremismo e a necessidade de difundir uma cultura de moderação. Também explicou que "a presença cristã no Oriente, que obra e atua com os muçulmanos, é uma necessidade tanto cristã como islâmica. É uma necessidade não somente para o Oriente mas também para o mundo inteiro".

"O perigo que representa a erosão desta presença em nível quantitativo e qualitativo é uma preocupação tanto cristã como islâmica, não só para os muçulmanos do Oriente mas também para os de todo o mundo. Além disso, eu posso viver meu Islã com outro muçulmano de qualquer país e etnia, mas como árabe oriental, não posso viver minha identidade árabe sem o cristão árabe oriental. A emigração do cristão é um empobrecimento da identidade árabe, de sua cultura e autenticidade".

Finalmente o líder muçulmano libanês expressou sua preocupação "pelo futuro dos muçulmanos do Oriente devido à emigração dos cristãos do Oriente. Manter a presença cristã é um dever islâmico comum, tal e como é um dever cristão comum. Os cristãos do Oriente não são uma minoria acidental. Eles são o início da presença do Oriente antes do Islã. São uma parte integrante da formação cultural, literária e científica da civilização islâmica".