O Arcebispo de Malinas-Bruxelas, Dom André-Joseph Leonard, deplorou a manipulação na imprensa de um livro que escreveu há quatro anos e foi relançado esta semana, no qual aborda entre outros temas, o contágio da AIDS.

Dom Leonard ofereceu uma conferência de imprensa para frear a polêmica, as críticas e até os insultos que recebeu por parte de organizações sociais e de responsáveis políticos de seu país e do exterior por ter escrito que a AIDS é uma espécie de "justiça imanente" e não um castigo divino como certos grupos sustentam.

O Arcebispo recordou que o livro em questão –uma atualização em língua flamenca da obra "Dom Leonard: Conversações"– foi publicada em francês em 2006, quando ele era somente Bispo de Namur, e então não houve reações negativas.

Dom Leonard explicou que em seu comentário sobre a AIDS aludiu apenas às pessoas que contraem a enfermidade por manter relações sexuais de risco e sem controle, mas de maneira nenhuma se estende a quem adquiriu o vírus por outras vias. "Há conseqüências derivadas de nossos atos", reiterou.

"A pessoa que fuma muito tem muitas possibilidades de contrair câncer de pulmão. Quem bebe muito whisky tem boas possibilidades de cirrose hepática. Quem tem muito sexo, é mais provável que tenha AIDS", afirmou.

O Arcebispo sublinhou que no livro há outra frase dela na que sustenta que as pessoas com AIDS "merecem todo o respeito e não devem ser objeto de discriminação". O prelado insistiu que suas manifestações são "honráveis e respeitáveis".

No livro, Dom Leonard sustenta que a epidemia de SIDA "não é um castigo divino, mas uma espécie de justiça imanente" assim como "no ecológico às vezes pagamos o preço do que chamamos o meio ambiente". "Dirigir mal a natureza física nos leva a maltratar a natureza mais profunda do amor humano que sempre termina em catástrofes em todos os níveis".