A deputada peruana Martha Moyano informou que foi apresenta um projeto de lei ante o Poder Executivo desta nação para declarar a multitudinária devoção do Senhor dos Milagres como Patrimônio Nacional. A proposta foi realizada durante a Mesa de Trabalho afro-peruana que ademais se encontra preparando uma série de atividades em homenagem ao Cristo Moreno, cuja festa se celebra no próximo mês de outubro. A devoção ao Senhor dos Milagres é muito popular em todo o Peru e especialmente entre a população afro-peruana.

A devoção

Ao redor do ano 1650, uns negros angolanos pertencentes à confraria do bairro de Pachacamilla, em Lima, Peru, pintaram em um dos muros do galpão onde se reuniam, e onde possivelmente também habitavam, a imagem de um Cristo crucificado. Neste lugar, hoje se erige o Monastério das Irmãs Nazarenas, casa do Senhor dos Milagres, chamado também da Santa Cruz pois em 1674 foi pintada uma cruz como símbolo de amparo, ante as ameaças de invasão a Lima do pirata Jacob L´Hermite Clerk.

Em um 13 de novembro do ano 1655 um poderoso terremoto sacudiu a cidade de Lima sem causar danos nem ao muro nem à imagem do Cristo crucificado pintado nele pelos negros.

Este fato prodigioso foi o que deu começo ao culto popular ao Senhor dos Milagres, propagando-se rapidamente entre a paróquia local mas sem a autorização do pároco do templo de São Marcelo, razão pela qual este solicitou à autoridade eclesiástica imediata superior que se demolisse o muro a fim de evitar qualquer ato profano.

Entretanto, a destruição não pôde chegar a ser cumprida devido a circunstâncias fora do comum, ficando de pé o muro e a pintura do Cristo que continuou ganhando o prestígio e o favor do povo.

No ano 1661 Antonio de León se interessou pela imagem do Cristo Crucificado pintado pelos negros angolanos; o muro estava em mal estado, já que atrás dele corria um canal de irrigação que tinha debilitado sua base. De León melhorou as instalações do lugar e construiu um apoio a modo de altar, o qual serve também para reforçar a base danificada da parede. Este homem padecia de um tumor maligno e cada vez que visitava o lugar pedia a graça de curar-se, até que a conseguiu. Anos depois, Sebastián Antuñano, o terceiro coordenador da irmandade do Senhor dos Milagres e o grande artífice do culto ao Cristo Moreno, comprou o lugar e ergueu uma capela.