No encontro com os líderes de outras religiões que teve como Sede o St. Mary’s College, o Papa Bento XVI alentou o diálogo inter-religioso, no marco do respeito recíproco especialmente ali onde a liberdade de culto se vê ameaçada; com a finalidade de servir juntos o bem da sociedade.

Depois de explicar que todo fiel descobre no profundo de si essa fome espiritual que o faz procurar o transcendente, como testemunha a experiência de Santo Agostinho, o Santo Padre ressaltou a importância da ciência e precisou que esta não basta para responder os desejos mais profundos do coração do homem. Entretanto, disse, "a busca do sagrado não desvaloriza outros campos de investigação humana. Ao contrário, situa-os em um contexto que acrescenta sua importância como meios do exercício responsável por nosso domínio sobre a criação".

"É assim como, a genuína crença religiosa nos situa além da utilidade presente, para a transcendência. Recorda-nos a possibilidade e o imperativo da conversão moral, o dever de viver em paz com nosso próximo e a importância de levar uma vida íntegra. Entendida de forma adequada, nos ilumina, purifica nossos corações e inspira ações nobres e generosas, em benefício de toda a família humana. Nos move à prática da virtude e nos leva ao amor de uns para com os outros, com o maior respeito às tradições religiosas distintas das nossas".

A seguir o Papa ressaltou que "desde o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica deu especial relevo à importância do diálogo e a colaboração com os membros de outras religiões. E para que seja fecundo, é necessário que haja reciprocidade em quantos dialogam e nos seguidores de outras religiões".

"Em concreto, penso na situação de algumas parte do mundo onde a colaboração e o diálogo inter-religioso necessita do respeito recíproco, a liberdade para poder praticar a própria religião e participar de atos públicos de culto, assim como a liberdade de seguir a própria consciência sem sofrer ostracismo ou perseguição, inclusive depois da conversão de uma religião a outra. Estabelecido tal respeito e abertura, as pessoas de todas as religiões trabalharão juntas de maneira efetiva pela paz e o entendimento mútuo, e serão assim um testemunho convincente perante o mundo".

Este diálogo, explicou, "precisa ser realizado nos distintos níveis e não deveria limitar-se a discussões formais. O diálogo de vida implica simplesmente viver um junto ao outro e aprender um do outro de tal forma que se cresça no conhecimento e o respeito recíproco. O diálogo de ação nos reúne em formas concretas de colaboração, e aplicamos nossa dimensão religiosa à tarefa da promoção do desenvolvimento humano integral, trabalhando pela paz, a justiça e a utilização da criação".

"Este tipo de diálogo pode incluir a busca conjunta de maneiras de defender a vida humana em todas suas etapas e também a maneira de assegurar que não se exclua da vida social a dimensão religiosa de indivíduos e comunidades. Depois, no âmbito das conversações formais, existe não só a necessidade de conversas teológicas, mas também a de compartilhar nossa riqueza espiritual, falando sobre nossa experiência de oração e contemplação e expressando a alegria mútua do encontro com o amor divino".

Finalmente o Papa Bento assinalou que "os católicos, na Inglaterra e em todo o mundo, seguirão trabalhando para construir pontes de amizade com outras religiões, para sanar os enganos do passado e promover a confiança entre indivíduos e comunidades. Desejo reiterar-lhes minha gratidão por sua acolhida e por ter tido a oportunidade de animá-los a prosseguir com o diálogo com seus irmãos e irmãs cristãos. Invoco sobre todos a abundância das bênçãos divinas. Muitíssimo obrigado".