Milhares de cubanos celebraram ontem em toda a ilha a Virgem da Caridade, Padroeira do país, com pedidos a favor da paz e da reconciliação. Em Havana, uma multidão saiu em procissão com a imagem Mariana liderados pelo Arcebispo local, Cardeal Jaime Ortega, quem alentou novas "mudanças" e destacou a liberação de numerosos presos políticos.

Na Missa com a que terminou a procissão, o Cardeal Ortega afirmou que “se começou a efetuar a soltura de vários detentos, com a certeza de que todos os que formam parte do grupo de prisioneiros do ano 2003 serão soltos".

A liberação gradual de 52 detentos políticos dos 75 dissidentes condenados a longas penas em 2003, começou em julho deste ano como resultado de um inédito diálogo entre o Arcebispo e o presidente Raúl Castro. Até a data, 30 presos já foram liberados. O resto deve ser solto entre setembro e outubro.

O Cardeal Ortega também pediu que quando chegarem as "boas mudanças" anunciadas e esperadas no país, os cubanos possam "aceitar os aspectos difíceis que elas poderiam trazer consigo".

"Ouvimos muitas vezes nestes últimos tempos a palavra 'mudança' em Cuba. Nosso povo se expressou bastante claro em diversas análises sobre essas mudanças. É mais, espera-se, há algum tempo que ocorram muitas mudanças", acrescentou.

Em Santiago de Cuba, desde o santuário da Virgem do Cobre, o Arcebispo Dionisio García pediu a Maria "que proteja os cubanos nesta terra e em qualquer parte do mundo onde se encontrem".

Na primeira Missa celebrada pela festa, Dom García rezou pelos devotos, por sua fé, perseverança, saúde e bem-estar social e espiritual e abençoou os cubanos dentro e fora da ilha. Ele também alentou o percurso nacional da imagem Mariana que começou em agosto e terminará no dia 10 de dezembro de 2011, para comemorar os 400 anos da Virgem do Cobre.

Por sua parte, o Bispo de Bayamo-Manzanillo, Dom Álvaro Beyra Luarca, dirigiu-se aos seus paroquianos através de um breve discurso radial e pediu-lhes que tenham presente a Virgem quando “nossos interesses, nossas conveniências, nossos planos ou nossas preocupações nos fecham em nós mesmos”.

“Quão freqüentemente correspondemos à sua atenção e amor com nosso esquecimento e egoísmo. Quão facilmente nos esquecemos de seus ensinamentos e guias e seguimos caminhos que nos afastam dela, ao longo dos quais sempre acabamos perdidos”, explicou.

O Bispo recordou que as festas se celebram “para ajudar-nos a voltar novamente para o seio do qual surgimos. A festa da Virgem, como todas as festas de nossa fé, estão feitas em realidade para nós, para nosso bem, para que voltemos a fazer memória dos quais somos, de onde vamos, para onde estamos chamados a ir, o que devemos mudar em nossas vidas. A festa da Virgem da Caridade é uma de reencontro com a Mãe, que também é o reencontro conosco mesmos”.