Em um artigo recentemente publicado no site da arquidiocese de Aparecida, o arcebispo Dom Raymundo Damasceno preparou um elenco de orientações para os eleitores que irão às urnas neste próximo 3 de outubro, apontando critérios éticos e morais que devem ser levados em consideração no momento da escolha do candidato. O arcebispo e presidente do CELAM também encoraja os eleitores a votarem segundo suas convicções e não segundo as pesquisas. Abaixo publicamos na íntegra o texto de Dom Damasceno.

«No próximo dia 03 de outubro nós, brasileiros, teremos mais uma oportunidade de exercer nossa cidadania. Através do voto, elegeremos Presidente, Governadores, Senadores, Deputados Estaduais e Federais.

Todos sabemos da importância e da responsabilidade do voto. É através do voto que escolhemos nossos legítimos representantes, para governar e legislar em benefício do povo brasileiro, a fim de que cada cidadão tenha oportunidade de crescer, desenvolver-se e viver com dignidade e em paz.

"A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem deve pôr-se no lugar do Estado. Mas também não pode, nem deve ficar á margem na luta pela justiça" (Bento XVI). É dever da Igreja orientar os fiéis para que possam participar, democraticamente, com consciência, liberdade e responsabilidade do processo político-eleitoral, apontando critérios éticos e morais que devem ser levados em consideração no momento da escolha do seu candidato. Por isso, na hora de decidir o voto, é importante que o eleitor tenha em mente alguns pontos para nortear sua escolha:

- não negocie, nem anule o seu voto: o voto deve ser consciente, livre, responsável e não uma troca de favores. Quem o vende contribui com a corrupção e tem a mesma parcela de culpa daquele que compra. Se vir alguma prática neste sentido, denuncie, imediatamente, às autoridades competentes;

- procure conhecer seu candidato: quem é ele? qual seu histórico de vida? quais suas idéias e propostas em relação à saúde, educação, combate à violência, ao crime organizado, reforma agrária? tem projetos que visam o bem comum, ou somente interesses pessoais e de grupos? seu nome está envolvido em denúncia de corrupção ou algum escândalo de cunho ético ou moral? é defensor da democracia, da liberdade de expressão e do respeito às convicções religiosas e da livre manifestação da fé? está comprometido com a justiça social, com a observância e o cumprimento dos direitos humanos, com o pleno respeito à vida humana, desde a sua concepção até a morte natural, e com políticas públicas que beneficiem o bem-estar da população, principalmente, dos mais pobres?

- seja coerente consigo mesmo e com seus princípios: não vote pelos resultados que as pesquisas apresentam, ou por outro qualquer motivo, que interfira na sua liberdade de escolha. O voto é livre. Vote naquele (a) que você perante Deus, a sociedade e sua consciência julgar merecer o seu voto;

- após a eleição: acompanhe o desempenho, as ações e as decisões políticas e administrativas daqueles que, democraticamente, foram eleitos para governar e legislar em nosso País. Cobre a coerência e o cumprimento dos compromissos assumidos durante a campanha eleitoral, e apóie iniciativas em favor do bem-estar integral da população.

Escolher os representantes para o Congresso ou Assembléias Estaduais, não é tarefa fácil; é um desafio. É preciso, pois, ter espírito crítico, discernimento e interesse pelo bem de toda a sociedade. Assim, conseguiremos, de fato, exercer nossa cidadania e contribuir na construção de um Brasil mais humano, solidário e justo para todos.

Que Deus, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, nos ajude e nos ilumine neste propósito.

 
Dom Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP
Presidente do CELAM»