O Pe. Manuel Carreira, sacerdote jesuíta e Doutor em Física, assinala em uma entrevista publicada no jornal peruano ‘El Comercio’ que o conflito entre a ciência e a fé é impossível, já que ambas se complementam; e assinala que o Santo Sudário de Turim constitui "uma provocação para a mente porque não podemos explicar essa imagem".

Na entrevista publicada no domingo 22 de agosto no suplemento Dominical do mencionado jornal, o também membro do Observatório Astronômico do Vaticano que participará a partir do dia 31 de agosto no 2° Congresso sobre o Santo Sudário na capital peruana, assinala que "é impossível o conflito" entre ciência e fé "se cada um destes modos de conhecer se mantêm em seu campo e em sua metodologia".

"Muitos cientistas foram e são homens de fé. Eu fiz minha tese doutoral com o Dr. Cowan, descobridor do neutrino (com Reines), homem sinceramente católico e praticante. Se querem saber o que a Igreja ensina a respeito, leiam a encíclica ‘Fé e razão’ de João Paulo II. Ciência e fé não se opõem, se complementam".

O Pe. Carreira, que também é professor da Carroll University, Cleveland, Estados Unidos e da Universidade de Comillas (Espanha), explica logo que ante os desafios da bioética, "a Igreja pode e deve insistir na dignidade da pessoa humana, opondo-se a tratar a um ser humano como uma cobaia de laboratório para experimentos de tipo nazista. A atuação biológica ou médica só é lícita para bem do paciente, que nunca pode ser uma mera ‘coisa útil’ para outro. Isto é afirmado por grandes cientistas que se opuseram à clonagem, ao aborto, à eutanásia".

"Na Academia Pontifícia das Ciências estão os científicos assessores do Papa nessas matérias: não se fala por preconceitos. Eu nunca encontrei rechaço algum por minhas posições em congressos internacionais, na Europa e América, embora me vejam como sacerdote. Se alguém quis me desqualificar por isso, foi somente na Espanha, e ficou muito mal a pessoa que tentou fazê-lo", acrescentou.

O Santo Sudário de Turim

Sobre a Síndone, Santo Sudário ou Manto Sagrado de Turim, o doutor em física precisa que "é um objeto arqueológico, não é fé. Dá informação histórica que determina seu uso e sua procedência: envolveu um crucificado ao estilo romano, com as características detalhadas na paixão de Cristo; não há outro candidato histórico".

Para o catedrático universitário este tecido constitui "uma provocação para a mente porque não podemos explicar essa imagem, com características tridimensionais e de detalhe, com exatidão anatômica e biológica que só foram descobertas em 1898 quando foi fotografada pela primeira vez".

"Sou físico e sigo tentando raciocinar como ela pôde ter se formado. Ainda não há uma solução completa", concluiu.