Em sua mensagem aos participantes do 31º encontro do Rimini do movimento Comunhão e Liberação, o Papa Bento XVI ressaltou que "quem encontrou a Deus, encontrou tudo" pois "as coisas finitas podem dar um pouco de satisfação ou alegria, mas só o infinito é capaz de encher o coração do homem".

Em sua mensagem lida este domingo ao final da Santa Missa inaugural deste encontro que se realiza até o dia 28 de agosto, e que leva a assinatura do Secretário de estado, Cardeal Tarcisio Bertone, o Santo Padre recorda que no fundo da natureza de todo homem se encontra a irreprimível inquietude que o impulsiona à busca de alguma coisa que possa satisfazer este seu desejo.

"O homem sabe que não pode responder por si só às suas próprias necessidades". Precisa abrir-se ao outro, a algo ou a alguém, que possa dar-lhe aquilo que lhe falta. Deve sair de se mesmo para aquilo que esteja à altura de encher a amplitude de seu desejo.
Conforme assinala a nota da Rádio Vaticano, aos participantes do encontro que leva como título "Aquela natureza que nos impulsiona a desejar coisas grandes pertence ao coração", Bento XVI adverte que o homem se vê tentado pelas coisas que satisfazem a imediatez mas ao mesmo tempo tão limitadamente ilusórias, e se referiu à passagem do Evangelho das tentações de Jesus quando o diabo insinua que "o pão" como satisfação material, pode encher ao homem.

Esta é uma mentira perigosa, diz o Papa em sua mensagem, porque contém somente uma parte de verdade e Jesus revela com sua resposta a falsidade desta posição: "Só Deus basta". Somente Ele sacia a fome profunda do homem, quem encontrou a Deus, encontrou tudo e, citando Santo Agostinho, recordou que "nosso coração está inquieto até que não descanse em Ti".

"Deus, veio ao mundo para despertar em nós a sede das ‘coisas grandes’. Isto se vê na página evangélica de inesgotável riqueza que narra o encontro de Jesus com a samaritana do qual Santo Agostinho nos deixou um comentário luminoso. Aquela mulher como para habitualmente foi tirar água do poço de Jacob e se encontrou a Jesus sentado, ‘cansado da viagem’, no calor do meio-dia e depois de haver-lhe pedido beber, é Jesus mesmo o que oferece a ela a água, não uma água qualquer mas uma ‘água viva’ capaz de aplacar a sede".

O Papa destaca que "Deus tem sede de nossa sede Dele, o Espírito Santo, simbolizado pela ‘água viva’ da qual fala Jesus é precisamente aquele poder vital que aplaca a sede mais profunda do homem e lhe dá a vida total, aquela vida que ele procura e espera sem conhecê-la".

Bento XVI também se refere em sua mensagem aos discípulos de Emaús que vivem em relação a Jesus a mesma experiência e é também o Senhor o que faz "arder o coração" dos dois discípulos enquanto caminhavam "com o rosto triste". Os discípulos de Emaús ao retomar vida ao chegar à casa "insistiram" para que permanecesse com eles: "Permanece conosco Senhor". É a expressão do desejo que palpita no coração de todo ser humano. Este desejo de "coisas grandes" deve transformar-se em oração.

Os Padres da Igreja, prossegue, sustentavam que rezar não é outra coisa que transformar em desejo veemente do Senhor. Em um belíssimo texto Santo Agostinho, continua Bento XVI, define a oração como expressão de desejo e afirma que Deus responde alargando nosso coração: "A Deus podemos pedir tudo, todo aquilo que é bom. A bondade e a potência de Deus não conhecem limite entre coisas grandes e pequenas, materiais e espirituais, terrestres e celestiais. No diálogo com Ele -levando nossa vida ante seus olhos, aprendemos a desejar as coisas boas, em definitiva, a Deus mesmo".

O Papa mencionou logo Dom Luigi Giussani, fundador de Comunhão e Liberação cujo falecimento ocorreu há cinco anos, e recordou que ele repetia que só Deus é o "caminho para a realização dos desejos mais profundos do coração do homem".