O Pe. José Palmar, diretor do jornal ‘Reporte Diario de la Economía’, assinalou que o Governo de Hugo Chávez sabia que compravam mantimentos por vencer, e que seu único interesse era obter lucros sem importar que a população saísse prejudicada.

Em declarações ao Jornal Católico da Venezuela, o sacerdote indicou que dentro da cúpula do Governo existem lutas internas. Uma prova é que durante suas investigações sobre os casos de Petróleos da Venezuela (PDVSA), suas fontes principais eram pessoas do Governo que procuravam causar danos uns aos outros. "Trata-se simplesmente de interesses" mais econômicos que políticos, assinalou.

O sacerdote explicou que um destes bandos está formado por Rafael Ramírez, envolvido na quebra do PDVSA e no escândalo dos mantimentos decompostos devido às más gestões do Pdval.

"Eles compravam a comida importada quando estava a ponto de vencer porque saía muito mais barato para eles. É algo que ninguém mais compraria. Como ia destinada a zonas populares e a baixo preço, isso saía rápido, pensaram", denunciou.

O Pe. Palmar afirmou que o Governo sabia o que acontecia e embora seu interesse era econômico, não pensou que isto poderia escapar-se das mãos. "Eles pagavam só trinta por cento do valor real do produto, e o faturavam ao cem por cento, assim ganhavam 70% do montante total", explicou.

"Eles já tinham feito seu negócio. O resto era responsabilidade do Pdval", explicou e acrescentou que não lhes importava que fossem mantimentos a ponto de vencer.

"O ponto era comprar como se desesperavam para obter os lucros. Se eram vendidos ou não era irrelevante. Só que eles não pensaram que semelhante bomba explodiria tão rápido e de tais dimensões", indicou. Acrescentou que é necessária uma investigação profunda.

O sacerdote disse que o maior pecado do Governo é que "sejam tão miseravelmente corruptos (…). Como esse alimento era para a gente pobre, não lhes importava".

Decepcionado do chavismo

Em outro momento da entrevista, o P. Palmar afirmou que seu maior pecado é ter sido chavista e por isso agora parte de sua missão é revelar a verdade à Venezuela, já que foi ele "um dos responsáveis por esta tragédia chamada Hugo Chávez".

"Demoramos para nos decepcionar porque realmente acreditávamos que dizia a verdade", disse o sacerdote, ao recordar que havia uma visão eleitoral messiânica em torno de Chávez.

Apesar disso, o Pe. Palmar assegura que não tudo está perdido porque existe a possibilidade de que a oposição alcance a maioria na Assembléia Nacional nas próximas eleições. Entretanto, recordou que a Venezuela sofre um Governo que não é democrático e portanto não seria estranho que o mandatário use qualquer artimanha para seguir no poder.