O Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega, um dos gestores da liberação de vários detentos políticos cubanos, assegurou que o Governo de Raúl Castro "deseja" uma "abertura" com os Estados Unidos, segundo declarações citadas pelo jornal norte-americano The Washington Post.

Castro "deseja uma abertura com o Governo americano", afirmou o Cardeal em uma entrevista com o Jackson Diehl, colunista do jornal de Washington, durante a visita que realizou na semana passada o cardeal aos Estados Unidos.

"Ele (Castro) repetiu-me em muitas ocasiões que já está preparado para falar com o Governo dos Estados Unidos diretamente a respeito de qualquer assunto", assinalou o Cardeal, que serviu como mediador entre o regime castrista e a dissidência na ilha.

O que não se sabe é se nessas conversações se abordariam as reformas democráticas que demandou o Governo de Barack Obama desde que assumiu o poder em janeiro de 2009. "Tudo deve ser passo a passo. Não é realista começar do final. Isto é um processo. O mais importante é dar passos neste processo", demarcou o Arcebispo de Havana.

O Cardeal Ortega esteve em Washington na semana passada para recolher um prêmio da fraternidade internacional de ajuda católica Cavaleiros de Colombo. Durante sua visita, a segunda em dois meses, reuniu-se com altos membros da administração Obama e do Congresso, a quem transladou as intenções de Castro de iniciar um diálogo com a Casa Branca, segundo o Washington Post. 

Estados Unidos e Cuba mantêm rompidas suas relações diplomáticas desde a década de sessenta, depois que a revolução encabeçada por Fidel Castro tomou o poder na ilha.

Durante todo esse tempo, ambas as nações tiveram algumas tímidas aproximações que não permitiram restabelecer os vínculos, devido ao fato que Havana exige a Washington eliminar o bloqueio comercial que, conforme assegura o regime castrista, custou à ilha muitos milhões de dólares.