A Igreja Católica no Paquistão assinalou com uma marcha que reuniu 2000 pessoas o primeiro aniversário da onda de violência anticristã em Gojra, Diocese de Faisalabad (a terceira maior cidade do país), que deixou oito mortos. Responsáveis das forças policiais admitiram que não cumpriram a sua missão de proteger os cristãos numa declaração feita perante 2500 pessoas. Líderes muçulmanos também se uniram aos presentes na condenação da violência nesta cidade da província de Punjab.

O bispo de Faisalabad, Joseph Coutts, presidiu a uma missa em sufrágio pelas vítimas, na igreja do Sagrado Coração. Durante a celebração acendeu oito velas, uma por cada morte, incluindo Musa Almas e a sua irmã Umia, de 7 e 10 anos de idade, respectivamente. Em declarações à organização católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Joseph Coutts manifestou "profunda satisfação" pelo fato das celebrações terem decorrido num clima pacífico.

O bispo esteve, semanas antes, nas cerimônias fúnebres de Rashid Emmanuel, pregador da Bíblia, e do seu irmão, Sajid Masih, assassinados à saída do tribunal. Segundo os militantes que os denunciaram, os dois irmãos teriam distribuído publicamente panfletos e folhetos com frases ofensivas contra o Profeta Maomé e feito propaganda anti-islâmica no seu site na Internet.

O observatório para a liberdade religiosa no mundo da AIS afirma sobre o Paquistão que "o pior instrumento de repressão religiosa é a lei anti-blasfêmia, a qual continua a causar cada vez mais vítimas".
O secretariado francês da AIS lançou no passado mês de Junho uma Petição Internacional para abolir a lei contra a blasfêmia, no Paquistão, que pode ser assinada online.