O Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega Alamino, anunciou no 128° "jantar de estado" da convenção anual dos Cavaleiros de Colombo, que graças à mediação da Conferência de Bispos Católicos de Cuba 52 prisioneiros de consciência serão liberados em um lapso de entre três e quatro meses.

Depois de receber o prêmio "Gaudium et Spes" na noite de ontem, o Cardeal indicou que "sem importar a distância nem as diferenças em nossos sistemas políticos ou sociais, vocês foram como irmãos para os católicos cubanos e nos mostraram sua solidariedade".

O Cardeal agradeceu especialmente aos Cavaleiros de Colombo pelo seu apoio para a construção do novo Seminário de São Carlos e São Ambrosio em Havana, que abrirá suas portas em novembro e poderá albergar até 100 seminaristas.

Seguidamente ressaltou que os leigos tiveram um papel significativo em Cuba "especialmente nos últimos 40 anos, e não só pelo trabalho que realizaram em alguns ministérios devido à falta de sacerdotes, mas também pelo papel social que tiveram que protagonizar nas famílias, nos lugares de trabalho e na sociedade em geral, algumas vezes enfrentaram as pressões e limitações sofridas pelos fiéis nas décadas passadas".

"O rol dos leigos em Cuba é muito conhecido pelos Cavaleiros de Colombo, que estiveram em meu país do começo da República em 1902 cumprindo um frutífero trabalho que deixou uma marca em nós", acrescentou o Arcebispo.

Seguidamente o Cardeal comentou que "atualmente a situação é mais favorável para a ação dos serviços de caridade característicos dos Cavaleiros de Colombo com a Igreja em Cuba" já que "muitos trabalhos sociais" foram possíveis "graças à presença social da Igreja" na ilha.

O Cardeal Ortega descreveu também um fenômeno crescente: "as missões nas casas que reúnem grupos de 60, 70 e inclusive 100 pessoas em lares familiares. Muitas vezes estas comunidades estão lideradas por leigos que preparam os fiéis para que se convertam em comunidades evangelizadas a comunidades eucarísticas. Em minha arquidiocese várias destas comunidades se converteram em paróquias. Agora temos que construir templos paroquiais".

"A Igreja –explicou o Cardeal– sempre se interessou devidamente em uma forma discreta, direta e não violenta em tudo o que estiver relacionado com a justiça e o bem comum".

"Ultimamente o governo cubano, respondendo ao nosso pedido, solicitou-nos mediar entre os parentes dos presos políticos e as autoridades governamentais para conhecer suas propostas. Desta forma começou um processo que levou ao recente anúncio de que 52 presos, considerados prisioneiros de consciência pela Anistia Internacional, serão liberados em um período de três a quatro meses". Mais de 20 deles já chegaram à Espanha.

Conforme afirmou o Arcebispo de Havana, estes diálogos com o governo "não têm precedente, e geram uma nova situação, uma avaliação social por nossos católicos. Esperamos que este processo de diálogo, no qual estamos imersos agora, culmine exitosamente".