O Presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Cardeal Antonio María Rouco Varela, disse que espera que o Tribunal Constitucional (TC) declare a nova lei do aborto, "inconstitucional em alguns de seus aspectos".

Em declarações à imprensa, o Cardeal recordou o trato que o TC deu à primeira lei, "na qual declarou que o embrião, o concebido, desde o primeiro momento de sua existência é um bem protegido constitucionalmente, e que só cede ante um bem maior".

"Com essa doutrina do TC é muito difícil –falo como jurista, não desde o ponto de vista teológico ou da visão teológica do problema, mas da análise teórica da questão- é muito difícil, repito, poder admitir que seja liberado o aborto nas 14 primeiras semanas da gravidez", assinalou o Cardeal, e acrescentou que "outra coisa é o problema moral e ético, que naturalmente está relacionado".

Com respeito àquelas autoridades que não querem obedecer esta lei, o Cardeal Rouco disse que é certo que estão obrigados a aplicá-la, pois do contrário terão "que renunciar ao seu cargo". "Outra coisa é o que faz com sua consciência ante uma lei que é injusta. Isso é um problema que terei que ver em cada caso como resolver", indicou.

Em outro momento, durante o curso do verão "Deus na sociedade pós-secular", o Arcebispo advertiu que a atual crise dos fundamentos morais se deve à secularização das idéias e da visão da vida.

Indicou que problemas como o aborto, a desfiguração do matrimônio e a corrupção fazem que "o princípio ideológico do relativismo ético vai introduzindo-se com um êxito cada vez maior no comportamento de muitos espanhóis e inclusive nas idéias que adotam para justificar-se".